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JANIO DE FREITAS
Uma cadeia sugestiva
A sequência de medidas
que conduzem sustação das
investigações sobre a empresa
CH, J & T, a partir do momento
em que a Polícia Federal coletou
evidências de que a firma nas
Bahamas pertencia a Sérgio
Motta, sugere mais do que equívoco ou incompetência por parte da Procuradoria Geral da República.
Nada pode justificar a dispensa da investigação pelo procurador Luiz Augusto Santos Lima,
o que já é grave. Mas, se combinado este ato com os dois meses
e meio de sua demora, para afinal seguir-se prontamente a
uma limitação do processo pedida em carta de Fernando Henrique Cardoso, o que emerge é a
suspeita de uma relação de causa e efeito entre as duas atitudes.
O conceito mais difundido do
procurador-geral Geraldo Brindeiro é o da falta da independência que a Constituição lhe
exige, o que lhe vale apelidos pejorativos e acusações de servir
mais à Presidência do que ao
Ministério Público, para ser
mantido no cargo ou ocupar
uma vaga no Supremo Tribunal
Federal. Esse Geraldo Brindeiro
foi o destinatário da carta de
Fernando Henrique, com o pedido de processo criminal contra os falsários e os negociadores
do "dossiê Cayman", sem incluir, no entanto, o assunto da
conta de US$ 368 milhões em
nome da empresa identificada
pela Polícia Federal.
O procurador incumbido do
caso Cayman, Luiz Augusto
Santos Lima, pode desfrutar de
simpatias e apreço em parte da
procuradoria, mas não evita
que outra parte o tenha como
dócil ao procurador-geral na
condução do seu trabalho.
As circunstâncias pessoais e
funcionais se encadeiam, pois,
como se encadeiam os atos e
suas datas, para suscitar suspeitas merecedoras de mais do que
registro e pasmo. Pasmo e registro são, porém, tudo o que se pode esperar no Brasil atual, onde
poucos podem tanto e as tantas
leis nada podem.
Quem avisa
A frase não provém da "brigada carlista" descoberta pelo jornalismo mais isento de emocionalismos. É do ex-líder peessedebista e recém-eleito presidente da Câmara, deputado Aécio
Neves: "Eu e muitos deputados
não concordamos com o modelo
do governo para privatização de
Furnas. É um modelo obscuro".
Ao que Aécio Neves chama de
obscuridade junte-se a volta do
processo de venda ao encargo do
BNDES, e é só esperar pelas notícias escabrosas sobre o negócio, enriquecimentos e sufocação de investigações por Fernando Henrique.
Preferência
Co-diretor do "Monde Diplomatique", o jornalista Bernard
Cassen foi testemunhar, no México, a marcha do comandante
Marcos, da Frente Zapatista, de
Chiapas à capital para encontrar-se com o presidente Fox.
Também conversou com Marcos e, à margem do que colheu
para o "Diplomatique", ouviu
do comandante esta informação:
"Minha primeira viagem ao
exterior será ao Brasil. Mais precisamente, vou a Porto Alegre."
Antes do Fórum Social Mundial
2002, para o qual pretende voltar ao Rio Grande do Sul.
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