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FHC faz ponte para reconquistar os pefelistas
RAYMUNDO COSTA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso deflagrou uma operação para levar o PFL de volta ao
governo, de preferência já na reforma ministerial de abril. Ele sabe ser difícil, mas deseja também
recompor a coligação governista
na eleição presidencial.
FHC quer se reaproximar do
PFL, a fim de impedir que brigas
compradas pelo pré-candidato
tucano à Presidência da República, José Serra, acabem por manchar o seu final de mandato.
O presidente disse a Serra que
ele terá dificuldade para ganhar a
eleição e para governar passando
o rolo compressor por cima de
pefelistas e de tucanos.
Na avaliação de FHC e da cúpula do PSDB, o salto dado por Serra
nas pesquisas deve ser comemorado com cautela. Os 17% no Datafolha alçam Serra ao segundo
lugar, de acordo com a pesquisa
divulgada ontem, fortalecem a já
provável aliança com o PMDB e
ajudam a atrair o PPB e o PTB.
Mas também colocam o ex-ministro da Saúde como alvo preferencial antes da hora -faltam
quase sete meses para a eleição.
A pretexto de pedir a colaboração do PFL na aprovação da
CPMF, FHC telefonou ontem para o líder do partido na Câmara,
Inocêncio Oliveira (PE).
Ao ouvir apelos de conciliação,
a resposta do pefelista foi sintomática: "Não tão ligeiro que possa
parecer covardia nem tão demorado que possa parecer provocação", disse o deputado, segundo o
seu próprio relato.
FHC se despediu de Inocêncio
propondo novas conversas "no
futuro". Além do apelo para o
partido votar a CPMF, o imposto
do cheque, FHC falou com todas
as letras: "Quero o PFL de novo ao
meu lado". Disse ainda que não
quis agredir o PFL quando declarou que venceria a eleição sem o
partido. FHC afirmou que se referia à importância do PFL para a
governabilidade e que desejava
reatar com o partido. Inocêncio
gostou do afago.
O ministro Pedro Malan (Fazenda) também ligou para o pefelista. Paralelamente, os ministros
Arthur Virgílio (Secretaria Geral)
e Pimenta da Veiga (Comunicações) tentam reconstruir as pontes com o PFL. Os pleitos da sigla
devem ser atendidos, mas só daqueles parlamentares que votarem com o governo.
FHC e o PSDB acham que a subida de Serra nas pesquisas aconteceu acima das expectativas. É
nesse contexto que preocupa
muito o namoro pefelista com Ciro, um dos candidatos que mais
incomodam FHC e Serra, pelo
discurso duro e pelo passado tucano. Para minar Ciro, FHC pediu
aos serristas que freiem o ânimo
bélico em relação ao PFL.
O PFL está dividido. Um grupo
gostaria de se recompor com o
governo, mas não aceita Serra como candidato. Outro grupo, minoritário, prefere insistir numa
candidatura própria. A terceira
possibilidade seria tentar um entendimento com Ciro Gomes,
pré-candidato do PPS.
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