São Paulo, quinta-feira, 14 de março de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC faz ponte para reconquistar os pefelistas

RAYMUNDO COSTA
KENNEDY ALENCAR


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso deflagrou uma operação para levar o PFL de volta ao governo, de preferência já na reforma ministerial de abril. Ele sabe ser difícil, mas deseja também recompor a coligação governista na eleição presidencial.
FHC quer se reaproximar do PFL, a fim de impedir que brigas compradas pelo pré-candidato tucano à Presidência da República, José Serra, acabem por manchar o seu final de mandato.
O presidente disse a Serra que ele terá dificuldade para ganhar a eleição e para governar passando o rolo compressor por cima de pefelistas e de tucanos.
Na avaliação de FHC e da cúpula do PSDB, o salto dado por Serra nas pesquisas deve ser comemorado com cautela. Os 17% no Datafolha alçam Serra ao segundo lugar, de acordo com a pesquisa divulgada ontem, fortalecem a já provável aliança com o PMDB e ajudam a atrair o PPB e o PTB. Mas também colocam o ex-ministro da Saúde como alvo preferencial antes da hora -faltam quase sete meses para a eleição.
A pretexto de pedir a colaboração do PFL na aprovação da CPMF, FHC telefonou ontem para o líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
Ao ouvir apelos de conciliação, a resposta do pefelista foi sintomática: "Não tão ligeiro que possa parecer covardia nem tão demorado que possa parecer provocação", disse o deputado, segundo o seu próprio relato.
FHC se despediu de Inocêncio propondo novas conversas "no futuro". Além do apelo para o partido votar a CPMF, o imposto do cheque, FHC falou com todas as letras: "Quero o PFL de novo ao meu lado". Disse ainda que não quis agredir o PFL quando declarou que venceria a eleição sem o partido. FHC afirmou que se referia à importância do PFL para a governabilidade e que desejava reatar com o partido. Inocêncio gostou do afago.
O ministro Pedro Malan (Fazenda) também ligou para o pefelista. Paralelamente, os ministros Arthur Virgílio (Secretaria Geral) e Pimenta da Veiga (Comunicações) tentam reconstruir as pontes com o PFL. Os pleitos da sigla devem ser atendidos, mas só daqueles parlamentares que votarem com o governo.
FHC e o PSDB acham que a subida de Serra nas pesquisas aconteceu acima das expectativas. É nesse contexto que preocupa muito o namoro pefelista com Ciro, um dos candidatos que mais incomodam FHC e Serra, pelo discurso duro e pelo passado tucano. Para minar Ciro, FHC pediu aos serristas que freiem o ânimo bélico em relação ao PFL.
O PFL está dividido. Um grupo gostaria de se recompor com o governo, mas não aceita Serra como candidato. Outro grupo, minoritário, prefere insistir numa candidatura própria. A terceira possibilidade seria tentar um entendimento com Ciro Gomes, pré-candidato do PPS.



Texto Anterior: Aloysio diz que não teme depor no Congresso sobre ação da PF na Lunus
Próximo Texto: Sarney compara operação da PF ao caso Watergate
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.