São Paulo, quinta-feira, 14 de março de 2002

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REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO

Presidenciável afirma que eventual apoio de pefelistas à sua candidatura é "especulação" de Serra

"Não sou bobo", diz Ciro sobre apoio do PFL

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pré-candidato à Presidência pelo PPS, Ciro Gomes, teve ontem uma reação curta sobre um eventual apoio que possa receber do PFL: "Eu não sou bobo". Para ele, "tudo não passa de especulação do escritório de propaganda do sr. José Serra [pré-candidato a presidente pelo PSDB"" que teria uma "agência de bisbilhotice, arapongagem e dossiês".
A Folha disse a Ciro que dirigentes nacionais do PFL de fato haviam falado ao jornal sobre a possibilidade de ele receber o apoio da sigla. "A Folha não é minha intermediária. Minha campanha tem conselho e comando político", respondeu o candidato.
Segundo o presidenciável, a notícia divulgada ontem foi plantada pelos tucanos e com dois objetivos principais: trazer os pefelistas de volta para a candidatura Serra e minar a tríplice aliança PPS-PDT-PTB.
"Temos um plano de governo que está com alguns princípios já definidos. Quem estiver interessado [a se aliar" deve propor de forma transparente."
Ciro não diz em público, mas acredita que é quase impossível que o PFL o apoie de forma orgânica, oficialmente, em uma convenção. Acredita que alguns integrantes da sigla até possam estudar algum tipo de apoio, mas seriam a exceção, não a regra.
Há muitas arestas entre Ciro e o PFL, que dificilmente seriam esquecidas agora, na opinião do candidato. Ele se desentendeu com Jorge Bornhausen, presidente do PFL, no início dos ano 90, ainda durante o governo de Fernando Collor. Aliados de Ciro acreditam que o objetivo dos tucanos tem sido claro nos últimos anos: destruir o PFL para poder herdar apenas as partes que forem convenientes a Serra.
Ciro disse que não tem o menor sentido procurar Roseana neste momento. "Quem fala isso está inventando". Ele confirma que procurou Roseana "no dia em que saiu a primeira denúncia contra ela no "Jornal Nacional", só para saber o que se passava".
Apesar das negativas de Ciro, um grupo de deputados federais de São Paulo, com membros do PTB, PFL e PPS, articulam uma aproximação dele com Roseana.
O problema é que o PFL avalia que a foto desse encontro desmancharia mais rapidamente do que interessa a candidatura Roseana. Ciro também tem problemas a contornar no PPS. O presidente do partido, o senador Roberto Freire (PE), saiu bombardeando a possibilidade de um entendimento com o PFL.


Colaboraram KENNEDY ALENCAR, da Sucursal de Brasília, e EDUARDO SCOLESE, da Agência Folha, em Joinville (SC)



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