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AGENDA PETISTA
Imposto só vigora até 2004; há chance de a alíquota atual ser prorrogada por pelo menos mais um ano
Conselho quer CPMF permanente e reduzida
Sérgio Lima/Lula Marques/Folha Imagem
![](../images/n1403200302.jpg) |
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A senadora Heloisa Helena (PT) e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho (de barba), usam câmera para fotografar grupo de jornalistas no plenário do Senado, antes da reunião do conselho
SÍLVIA MUGNATTO
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o fórum
formado por 82 representantes da
sociedade nomeados pelo governo para debater as reformas, avaliou ontem que a CPMF (o imposto do cheque) deve se transformar
em um imposto permanente, mas
com uma redução gradual da alíquota.
Essa foi a posição dos quatro
grupos do conselho que começaram ontem a debater a reforma
tributária a partir de princípios
gerais propostos pelo ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda).
A CPMF, pelas regras atuais,
tem alíquota de 0,38%, o que permitirá uma arrecadação estimada
em R$ 24 bilhões neste ano.
O tributo só vai vigorar até o
ano que vem, quando a alíquota
cai para 0,08%, gerando perda de
R$ 16 bilhões.
O problema para o governo é
que não há uma alternativa definida para repor a queda da receita. Por isso, é forte a possibilidade
de ser proposta a prorrogação da
alíquota atual por pelo menos
mais um ano.
O CDES perdeu parte de sua importância quando o governo Luiz
Inácio Lula da Silva recuou da intenção de torná-lo uma instância
deliberativa. Mas, mesmo sendo
apenas consultivo, o conselho
tem algum peso político.
"Seria um desrespeito à sociedade civil se o governo não levasse
em conta o que foi discutido ali
[no conselho]", disse o ministro
Tarso Genro, secretário-executivo do CDES. Mas Genro ressalvou
que as decisões do conselho não
podem ser tomadas de maneira
dogmática.
O diabo
O governo enquadrou o CDES
em sua estratégia para a aprovação da reforma tributária.
Primeiro, serão debatidos apenas princípios gerais que farão
parte de uma proposta de alteração da Constituição; o detalhamento do novo sistema de impostos ficará para depois.
Também se decidiu que o prazo
para as discussões será o definido
pelo Planalto para o envio do projeto ao Congresso. "O prazo seguirá a agenda política do governo", afirma Tarso Genro. O governo quer um texto em um ou
dois meses.
O adiamento das discussões
mais importantes para a criação
de um novo sistema de impostos
incomodou alguns membros do
conselho.
O próprio ministro Antonio Palocci Filho tratou do tema em entrevista concedida durante a reunião, quando foi confrontado
com a afirmação de que "o diabo
está nos detalhes". Saiu-se com
bom humor: "O diabo está em
muitos lugares. O problema é que
o diabo não existe, e por isso ele é
tão grande", disse, citando o escritor Guimarães Rosa.
Plano B
O ministro também brincou
quando questionado se havia um
"plano B" para o caso de a reforma emperrar no Congresso e o
governo vir a ser obrigado a negociar separadamente a prorrogação da CPMF. "Para a CPMF, é um "Plano C"."
Mas admitiu que, na hipótese de
a reforma não ser aprovada neste
ano, o governo terá de buscar soluções para questões urgentes, como a CPMF.
Segundo Genro, as demais propostas expostas por Palocci aos
conselheiros encontraram boa receptividade -resultado já esperado, dado que a maioria delas já
havia sido debatida nos últimos
anos com o empresariado, majoritário no conselho.
O projeto básico prevê a unificação da legislação do ICMS, a redução da carga dos tributos que incidem em todas as etapas do processo produtivo e mudança total ou parcial da forma de cobrança
da contribuição previdenciária.
As decisões consensuais dos
grupos serão levadas à reunião
geral do CDES no próximo dia 3
de abril.
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