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Empresários fazem críticas ao projeto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva está propondo a reforma tributária "possível", não a ideal, na
opinião de membros do CDES
(Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social), o fórum de
representantes da sociedade criado para debater as reformas.
Participantes das reuniões do
conselho que pediram anonimato
deram um tom mais ácido às
mesmas observações: consideraram o projeto muito genérico e
pouco ambicioso.
Entre empresários, majoritários
no conselho, sindicalistas e assessores, a avaliação é que a primeira
etapa da reforma, com mudanças
constitucionais genéricas, pode
produzir um consenso rápido
-mas o mais importante ficará
para depois, no detalhamento das
propostas.
"Se querem fazer assim porque
é o modo operacional que encontraram, ótimo. Mas depois vamos
querer discutir o detalhamento
também", afirmou Horacio Lafer
Piva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo).
A Folha ouviu, do sistema de
som de uma das quatro salas onde
ocorriam os debates, uma intervenção cética de um participante:
"Se não discutirmos agora os detalhes, vamos divergir lá pela frente, o que seria até meio ridículo".
Para outros, a estratégia do governo é compreensível. "Do ponto de vista técnico, pode ser uma
proposta pouco ambiciosa, mas
ela está sendo feita dentro do que
é possível politicamente", segundo Fernando Xavier Ferreira, presidente da Telefônica.
"Acho que se deve fazer o que é
possível no momento; não é uma
proposta superficial ao extremo",
disse Benjamin Steinbruch, presidente do conselho da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
Frustração
Canindé Pegado, representante
da Confederação Geral dos Trabalhadores, se disse "um pouco
frustrado": "Preparei-me para
discutir várias questões, como o
combate à sonegação e o aumento
da transparência".
Questionados sobre aspectos
mais específicos das propostas
para o sistema tributário, os conselheiros dão uma amostra do debate complexo a ser encarado pelo governo mais à frente.
Ivo Rosset, presidente da Valisère, defendeu uma alíquota mais
alta para a CPMF, argumentando
que é o único tributo à prova de
sonegação. Pela idéia, a taxação
mais alta poderia ser compensada
em outro tributo.
O presidente da CNI, Armando
Monteiro, defende o fim da contribuição e não acredita na viabilidade de um sistema de compensação. Luiz Fernando Emediato,
representante da Força Sindical,
defendeu uma alíquota simbólica
para a CPMF.
(GP)
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