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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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Empresários fazem críticas ao projeto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Luiz Inácio Lula da Silva está propondo a reforma tributária "possível", não a ideal, na opinião de membros do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), o fórum de representantes da sociedade criado para debater as reformas.
Participantes das reuniões do conselho que pediram anonimato deram um tom mais ácido às mesmas observações: consideraram o projeto muito genérico e pouco ambicioso.
Entre empresários, majoritários no conselho, sindicalistas e assessores, a avaliação é que a primeira etapa da reforma, com mudanças constitucionais genéricas, pode produzir um consenso rápido -mas o mais importante ficará para depois, no detalhamento das propostas.
"Se querem fazer assim porque é o modo operacional que encontraram, ótimo. Mas depois vamos querer discutir o detalhamento também", afirmou Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A Folha ouviu, do sistema de som de uma das quatro salas onde ocorriam os debates, uma intervenção cética de um participante: "Se não discutirmos agora os detalhes, vamos divergir lá pela frente, o que seria até meio ridículo".
Para outros, a estratégia do governo é compreensível. "Do ponto de vista técnico, pode ser uma proposta pouco ambiciosa, mas ela está sendo feita dentro do que é possível politicamente", segundo Fernando Xavier Ferreira, presidente da Telefônica.
"Acho que se deve fazer o que é possível no momento; não é uma proposta superficial ao extremo", disse Benjamin Steinbruch, presidente do conselho da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

Frustração
Canindé Pegado, representante da Confederação Geral dos Trabalhadores, se disse "um pouco frustrado": "Preparei-me para discutir várias questões, como o combate à sonegação e o aumento da transparência".
Questionados sobre aspectos mais específicos das propostas para o sistema tributário, os conselheiros dão uma amostra do debate complexo a ser encarado pelo governo mais à frente.
Ivo Rosset, presidente da Valisère, defendeu uma alíquota mais alta para a CPMF, argumentando que é o único tributo à prova de sonegação. Pela idéia, a taxação mais alta poderia ser compensada em outro tributo.
O presidente da CNI, Armando Monteiro, defende o fim da contribuição e não acredita na viabilidade de um sistema de compensação. Luiz Fernando Emediato, representante da Força Sindical, defendeu uma alíquota simbólica para a CPMF. (GP)


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