|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Piora expectativa sobre governo Lula
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva começa a sofrer os primeiros
desgastes de imagem, segundo
pesquisa CNT/Sensus realizada
de 8 a 10 deste mês. Quase um terço dos entrevistados (27,2%) disse acreditar que as promessas feitas por Lula durante a campanha
não serão cumpridas -em janeiro o índice foi de 18,5%.
O número dos que acreditam
que as promessas serão cumpridas oscilou negativamente, dentro da margem de erro de três
pontos percentuais, de 69,9%, em
janeiro, para 64,2% neste mês. De
acordo com os dados da pesquisa,
boa parte do eleitorado está se baseando em previsões pessimistas
sobre a condução da política econômica pelo novo governo.
Um exemplo: 34,4% dos entrevistados disseram acreditar que
no governo Lula a inflação vai aumentar. Outros 21,2% apostam
no crescimento do desemprego e
42,6% responderam que a taxa de
juros da economia não deve baixar. Em janeiro os índices apurados foram de 16,1%, 10,3% e
25,8%, respectivamente.
Para o presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), Clésio Andrade, os números refletem um "choque de
realidade" em relação ao andamento do governo. Andrade, vice-governador de Minas Gerais,
pertence ao oposicionista PFL.
Mas, a exemplo do que aconteceu em vários momentos do governo Fernando Henrique Cardoso, a avaliação pessoal do presidente da República se mantém
praticamente estável -e alta. Ela
caiu um pouco, de 83,6% em janeiro para 78,9%. Nesta faixa, a
margem de erro é de dois pontos.
Há, por outro lado, o crescimento
de 6,8% para 12,3% do grupo que
desaprova o desempenho de Lula.
Duas características históricas
do discurso petista também aparecem em desgaste na pesquisa.
Cresceu de 13,9%, em janeiro, para 29,9%, em março, o percentual
dos que crêem que a corrupção
vai aumentar nos próximos seis
meses. Já a expectativa em relação
a saúde, educação, pobreza e violência piorou. Na saúde, cresceu
de 24,8% para 34,9% os que acreditam que a situação ficará igual
ou vai piorar nos próximos seis
meses. Na educação, o crescimento foi de 23,3% para 31,1% e na pobreza, de 33,9% para 49,8%.
As tentativas, até agora frustradas, de auxiliar o governo do Rio
de Janeiro no combate ao crime se
refletem na pesquisa: caiu de
50,8% para 34% o percentual de
entrevistados que acreditam em
melhora do cenário da violência
nos próximos seis meses. Por outro lado, aumentou de 44% para
63,2% os que disseram que a situação continuará como está ou
vai piorar ainda mais.
O ISC (Índice de Satisfação do
Cidadão), utilizado como norte
pela CNT para avaliar o humor da
sociedade, oscilou de 53,8% satisfeitos em janeiro para 52,15%. A
satisfação com o país teve queda
efetiva: de 71,5% para 66,5%.
A CNT, em parceria com o instituto Sensus, ouviu 2.000 pessoas
de 195 municípios em 24 Estados
nos dias 8, 9 e 10. A margem de erro é de três pontos percentuais
para mais ou menos em percentuais de 30% a 70%. Nos índices
de 10% a 30% e 70% a 90% é de 2
pontos percentuais. Até 10% e acima dos 90% a margem de erro é
de 1 ponto percentual.
Nelson Pellegrino, líder do PT
na Câmara, disse que, apesar de
considerar altos os índices de popularidade de Lula, a pesquisa
merece "reflexão". Para José Carlos Aleluia, líder do PFL na Câmara, o estudo demonstra "o encontro do governo com a realidade".
Texto Anterior: Sem acúmulo, Cofins pode subir para 8% Próximo Texto: Governo irá assumir desgaste, diz Dirceu Índice
|