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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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Piora expectativa sobre governo Lula

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Luiz Inácio Lula da Silva começa a sofrer os primeiros desgastes de imagem, segundo pesquisa CNT/Sensus realizada de 8 a 10 deste mês. Quase um terço dos entrevistados (27,2%) disse acreditar que as promessas feitas por Lula durante a campanha não serão cumpridas -em janeiro o índice foi de 18,5%.
O número dos que acreditam que as promessas serão cumpridas oscilou negativamente, dentro da margem de erro de três pontos percentuais, de 69,9%, em janeiro, para 64,2% neste mês. De acordo com os dados da pesquisa, boa parte do eleitorado está se baseando em previsões pessimistas sobre a condução da política econômica pelo novo governo.
Um exemplo: 34,4% dos entrevistados disseram acreditar que no governo Lula a inflação vai aumentar. Outros 21,2% apostam no crescimento do desemprego e 42,6% responderam que a taxa de juros da economia não deve baixar. Em janeiro os índices apurados foram de 16,1%, 10,3% e 25,8%, respectivamente.
Para o presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), Clésio Andrade, os números refletem um "choque de realidade" em relação ao andamento do governo. Andrade, vice-governador de Minas Gerais, pertence ao oposicionista PFL.
Mas, a exemplo do que aconteceu em vários momentos do governo Fernando Henrique Cardoso, a avaliação pessoal do presidente da República se mantém praticamente estável -e alta. Ela caiu um pouco, de 83,6% em janeiro para 78,9%. Nesta faixa, a margem de erro é de dois pontos. Há, por outro lado, o crescimento de 6,8% para 12,3% do grupo que desaprova o desempenho de Lula.
Duas características históricas do discurso petista também aparecem em desgaste na pesquisa. Cresceu de 13,9%, em janeiro, para 29,9%, em março, o percentual dos que crêem que a corrupção vai aumentar nos próximos seis meses. Já a expectativa em relação a saúde, educação, pobreza e violência piorou. Na saúde, cresceu de 24,8% para 34,9% os que acreditam que a situação ficará igual ou vai piorar nos próximos seis meses. Na educação, o crescimento foi de 23,3% para 31,1% e na pobreza, de 33,9% para 49,8%.
As tentativas, até agora frustradas, de auxiliar o governo do Rio de Janeiro no combate ao crime se refletem na pesquisa: caiu de 50,8% para 34% o percentual de entrevistados que acreditam em melhora do cenário da violência nos próximos seis meses. Por outro lado, aumentou de 44% para 63,2% os que disseram que a situação continuará como está ou vai piorar ainda mais.
O ISC (Índice de Satisfação do Cidadão), utilizado como norte pela CNT para avaliar o humor da sociedade, oscilou de 53,8% satisfeitos em janeiro para 52,15%. A satisfação com o país teve queda efetiva: de 71,5% para 66,5%.
A CNT, em parceria com o instituto Sensus, ouviu 2.000 pessoas de 195 municípios em 24 Estados nos dias 8, 9 e 10. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos em percentuais de 30% a 70%. Nos índices de 10% a 30% e 70% a 90% é de 2 pontos percentuais. Até 10% e acima dos 90% a margem de erro é de 1 ponto percentual.
Nelson Pellegrino, líder do PT na Câmara, disse que, apesar de considerar altos os índices de popularidade de Lula, a pesquisa merece "reflexão". Para José Carlos Aleluia, líder do PFL na Câmara, o estudo demonstra "o encontro do governo com a realidade".


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