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Governo irá assumir
desgaste, diz Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Num clima de cordialidade, em
que prefeitos ficaram satisfeitos
com o tratamento "vip" dado a
eles pelo governo federal, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, aproveitou seu discurso no
encerramento da 6ª Marcha a
Brasília em Defesa dos Municípios para mandar um recado, dizendo que não fará barganha.
Dirceu afirmou que o governo
está disposto a assumir o ônus do
desgaste político no processo de
discussão das reformas propostas. "Seremos sinceros em falar
não e assumir o desgaste político.
Não vamos fazer política de duas
caras com os prefeitos e não vamos dizer sim quando temos que
dizer não, nem barganhar."
Apesar de os cerca de 2.000 prefeitos, vereadores e secretários
municipais terem ficados satisfeitos, eles receberam do governo
promessas de solucionar as reivindicações reunidas em um documento. São reivindicações por
aumento de verbas, aprovação de
projetos no Congresso e participação nos debates das reformas
tributária e da Previdência.
No final do evento, governo e
prefeitos assinaram um protocolo
de cooperação federativa que cria
um comitê permanente entre as
duas principais congregações de
municípios e o Ministério da Casa
Civil. Agora as promessas serão
cobradas nas reuniões do comitê.
Dirceu disse que o governo tem
consciência das reivindicações
dos prefeitos. "A alta dos juros e o
contingenciamento de R$ 14 bilhões significam prender a economia e que vamos ter menor crescimento econômico. Se os juros estão altos e o governo faz gastos
menores, é evidente que isso não
ajuda a criar empregos nem [ajuda] o crescimento. Temos consciência disso, mas estamos colhendo resultados do sacrifício
que o país fez."
E completou: "A redução da taxa de câmbio, da inflação e a queda contínua do Risco-Brasil criam
condições, se formos capazes de
aprovar as reformas de que o país
precisa, para que se possa reduzir
os juros e para que o país possa
voltar a crescer".
Pela primeira vez em seis anos,
o governo participou em peso do
encontro. Além do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, 16 de
seus ministros compareceram
num hotel de Brasília para ouvir e
falar com os prefeitos.
De concreto, os prefeitos conseguiram apenas a participação do
comitê. De promessas, ouviram o
anúncio de linha de crédito de R$
1,4 bilhão para saneamento básico, R$ 310 milhões para obras paralisadas e aumento do piso dos
repasses em programas das áreas
de educação e saúde.
(MÁRCIO PACELLI e LUCIANA CONSTANTINO)
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