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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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Governo irá assumir desgaste, diz Dirceu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Num clima de cordialidade, em que prefeitos ficaram satisfeitos com o tratamento "vip" dado a eles pelo governo federal, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, aproveitou seu discurso no encerramento da 6ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios para mandar um recado, dizendo que não fará barganha.
Dirceu afirmou que o governo está disposto a assumir o ônus do desgaste político no processo de discussão das reformas propostas. "Seremos sinceros em falar não e assumir o desgaste político. Não vamos fazer política de duas caras com os prefeitos e não vamos dizer sim quando temos que dizer não, nem barganhar."
Apesar de os cerca de 2.000 prefeitos, vereadores e secretários municipais terem ficados satisfeitos, eles receberam do governo promessas de solucionar as reivindicações reunidas em um documento. São reivindicações por aumento de verbas, aprovação de projetos no Congresso e participação nos debates das reformas tributária e da Previdência.
No final do evento, governo e prefeitos assinaram um protocolo de cooperação federativa que cria um comitê permanente entre as duas principais congregações de municípios e o Ministério da Casa Civil. Agora as promessas serão cobradas nas reuniões do comitê.
Dirceu disse que o governo tem consciência das reivindicações dos prefeitos. "A alta dos juros e o contingenciamento de R$ 14 bilhões significam prender a economia e que vamos ter menor crescimento econômico. Se os juros estão altos e o governo faz gastos menores, é evidente que isso não ajuda a criar empregos nem [ajuda] o crescimento. Temos consciência disso, mas estamos colhendo resultados do sacrifício que o país fez."
E completou: "A redução da taxa de câmbio, da inflação e a queda contínua do Risco-Brasil criam condições, se formos capazes de aprovar as reformas de que o país precisa, para que se possa reduzir os juros e para que o país possa voltar a crescer".
Pela primeira vez em seis anos, o governo participou em peso do encontro. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 16 de seus ministros compareceram num hotel de Brasília para ouvir e falar com os prefeitos.
De concreto, os prefeitos conseguiram apenas a participação do comitê. De promessas, ouviram o anúncio de linha de crédito de R$ 1,4 bilhão para saneamento básico, R$ 310 milhões para obras paralisadas e aumento do piso dos repasses em programas das áreas de educação e saúde. (MÁRCIO PACELLI e LUCIANA CONSTANTINO)


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