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AGENDA PETISTA
Governo ainda resiste a propor um ministério a peemedebistas
Após derrota, PT busca apoio do PMDB
RAYMUNDO COSTA
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Menos de 24 horas após sofrer
suas primeiras derrotas no Congresso, o Planalto decidiu acelerar
as negociações para integrar o
PMDB na base de sustentação política do governo. O PT deve formalizar uma proposta na próxima semana, mas é pouco provável que a sigla ocupe um ministério antes do segundo semestre.
O movimento do Planalto foi
desencadeado pelo chefe da Casa
Civil, José Dirceu, que no início da
tarde de ontem procurou o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), para uma conversa.
Na véspera, o governo não conseguira votar a MP que permite a renegociação de dívidas do setor
agrícola, derrotado por uma
aliança tácita do PMDB com o
PSDB e o PFL.
O Planalto entendeu o recado
peemedebista: com apenas 31 votos seguros no plenário de 81 senadores, o governo terá dificuldades para aprovar matérias de seu
interesse caso o PMDB, que tem
20 senadores, se aliar a tucanos e
pefelistas. Na conversa com Sarney, Dirceu disse que Luiz Inácio
Lula da Silva fará uma proposta já
na próxima semana.
"Espero que até a semana que
vem isso esteja resolvido. [Os peemedebistas] vão participar no governo e na base", disse Dirceu.
"É uma prova de confiança que
interessa muito ao PMDB", disse
Sarney. Numa primeira etapa, segundo o presidente do Senado, a
sigla deve "participar da formulação das políticas de governo".
"Você só é cúmplice quando
participa da formulação", disse o
líder do PMDB no Senado, Renan
Calheiros (AL). Sarney e Calheiros afirmam que a ocupação de
cargos não está sendo tratada, por
enquanto. Renan inclusive teria
pedido para a bancada desobrigá-lo de tratar de cargos nos Estados.
Pelo lado do Planalto, a entrega de
um ministério ao PMDB é pauta
para o próximo semestre, talvez
setembro.
Além disso, o próprio PMDB
está dividido. A negociação do
Planalto evoluiu no Senado, mas
os deputados sentem-se alijados
do processo. Ou seja, se quiser levar a maior fatia do partido, o governo terá de pensar em dois ministérios para atender o partido
no Senado e na Câmara. Ainda assim dificilmente contará com os
votos da ala que era mais ligada a
Fernando Henrique Cardoso.
Escaldado por duas negociações
anteriores, ambas fracassadas,
com o PT, o presidente do PMDB,
Michel Temer, reagiu: "Ou apresenta algo concreto ou tem que
parar com esta conversa", disse.
"Não aguento mais falar uma palavra sobre isto. Se ficam alimentando este vem e não vem, o que
sai na imprensa é sempre a versão
de que o PMDB é quem está mendigando cargos."
O acordo está num impasse: o
PMDB quer uma participação importante no governo -na formulação das ações de governo, como
dizem seus líderes- , o que significa ministérios e não apenas cargos no segundo e terceiro escalão.
O problema é que o governo, temendo desgaste, resiste em fazer
uma reforma ministerial com menos de três meses da gestão de
Luiz Inácio Lula da Silva.
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