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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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JANIO DE FREITAS

Volta aos quartéis

Os recrutas voltam hoje aos seus quartéis no Rio, uma vez estabelecida "a clara percepção", nas palavras do ministro da Defesa, José Viegas, de que, "passada a emergência, cessa o efeito positivo dessas tropas e elas se transformam em alvo". Ou seja, pode-se acrescentar, igualam-se aos nossos filhos, nossas mulheres, nossos pais.
Negativo, o efeito em questão não foi, por certo. Se foi positivo, cabe perguntar como e por quê, dado que a situação instalada pela criminalidade, embora passado o ataque mais agudo, mostrou-se indiferente à presença de recrutas nas ruas, como atestam inúmeras mortes violentas, inclusive de policiais militares. E, no entanto, a presença dos recrutas teve, sim, algum efeito positivo.
Não, porém, porque representasse o fator de dissuasão imaginado, de atemorização da bandidagem. Mas por um reflexo curiosamente inverso ao alvo da mobilização de soldados. O efeito positivo não se deu por intimidação dos criminosos, mas pela ação psicológica que a presença dos soldados exerceu sobre os paisanos, as vítimas reais ou potenciais dos criminosos. A simples presença de uns poucos recrutas em alguns pontos da cidade, à vista dos transeuntes, provocou no carioca uma sensação de maior segurança que independeu da realidade.

A farsa
Os parlamentares do PT estão mesmo fazendo encenação, e nada mais do que isso, para disfarçar sua fuga ao dever de batalhar por investigação, no Congresso, do caso de gravações telefônicas na Bahia.
A necessidade de esperar as conclusões da Polícia Federal, agora usada como argumento por José Genoino, Tião Viana e tantos outros, é falaciosa. Investigações, ou inquéritos, da Câmara e do Senado não dependem, jamais dependeram, de conclusões policiais.
Levar agora o assunto para a Conselho de Ética é outra enganação. O Senado dispõe de instrumento investigativo, sim, mas não é a Comissão de Ética. É uma Comissão Parlamentar de Inquérito. PT, PSDB, PMDB e PFL estão querendo proteger, em permuta de favores, envolvidos na operação de grampo e nas evidências de corrupção e outros crimes registradas na gravações.

Goleadores
O dólar começou a subir e o leitor/espectador recebeu dos jornalistas a explicação de que a causa era a aproximação da guerra.
A guerra se tornou mais iminente, até com data marcada, e o dólar começou a cair, e continuou caindo. Até inexistentes rumores da prisão de Bin Laden já foram inventados como explicação para a queda do dólar.
Desculpai-os, leitor/espectador, mas não porque eles não saibam o que fazem.


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