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BAHIAGATE
Reunião do conselho já com os novos integrantes só ocorrerá para terça
PFL, PSDB e PMDB se unem e adiam investigação de ACM
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os líderes do PFL, do PSDB e do
PMDB impediram que fosse iniciada ontem no Senado a investigação do suposto envolvimento
do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) nos grampos telefônicos da Bahia. O plenário elegeu os novos integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, mas a primeira reunião foi
adiada para terça-feira.
A sindicância contra ACM
-que pode ou não resultar na
abertura de processo por quebra
de decoro, punível com a cassação do mandato- não deverá ser
concluída antes do fim do inquérito da Polícia Federal que apura a
escuta ilegal na Bahia, da qual o
senador é acusado de ser o mandante por alguns grampeados.
O presidente em exercício do
conselho, Juvêncio da Fonseca
(PMDB-MS), que precisará ser
reeleito na terça para continuar
no cargo, prevê um prazo de 30
dias para que sejam ouvidas testemunhas e ACM.
O PT queria a instalação do conselho ontem mesmo, mas os líderes do PFL, do PSDB e do PMDB
não concordaram. Alegaram que
o regimento exige convocação
com 48 horas de antecedência
-mas esse prazo é dispensado
sempre que há acordo.
A denúncia contra ACM foi
apresentada ao conselho pelos
petistas, com base em depoimentos dos jornalistas da "IstoÉ" que
dizem ter provas da participação
de ACM nos grampos, Luiz Cláudio Cunha e Weiller Diniz.
Os dois jornalistas querem depor no conselho ao final da sindicância. Eles apresentaram à bancada petista a transcrição de uma
suposta conversa entre um deles e
ACM, que comprometeria o senador com o grampo telefônico do
deputado Geddel Vieira Lima
(PMDB-BA). Mostraram também um laudo do perito Ricardo
Molina, da Unicamp, atestando
que a voz é do senador.
O líder do PT, Tião Viana (AC),
vai propor que, antes deles, o conselho ouça a ex-namorada de
ACM, Adriana Barreto, e seu marido, Plácido Faria, que acusam o
senador baiano.
Relator
O relator da sindicância contra
ACM ainda não foi definido, mas
poderá ser do PMDB. O PFL tem a
segunda maior bancada e poderia
reivindicar a função, mas o líder
do PFL, José Agripino (RN), disse
que o partido não quer. O bloco
governista também não aceitaria.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), deixou claro que os tucanos não querem a função. "Não
é do nosso estilo. A índole do partido não é persecutória."
Um dos nomes cotados ontem
no próprio PFL era o do senador
João Alberto Souza (MA). Mas os
líderes não descartaram a idéia da
nomeação de uma comissão de
três senadores para a relatoria,
para diluir o desgaste.
Dos 15 integrantes eleitos para o
conselho, 8 são senadores em primeiro mandato, inclusive os três
do PFL: Paulo Octávio (DF), Demóstenes Torres (GO) e Rodolpho Tourinho (BA), do grupo político de ACM.
Procurador de Justiça, Torres
foi secretário de Segurança Pública e Justiça de Goiás e presidente
do Conselho Nacional do Ministério Público. Ele disse que o PFL
não vai agir no conselho para proteger ACM. "Vale o que provar. Se
ele errou, vai pagar pelo que fez.
Se não errou, o conselho tem de
ter a coragem de inocentá-lo."
O PMDB tem 4 integrantes
-Ramez Tebet (MS), Juvêncio
da Fonseca (MS), Luiz Otávio
(PA) e João Alberto Souza
(MA)-, o PSDB, 2 -Antero
Paes de Barros (MT) e Sérgio
Guerra (PE)- e o PT, 3 -Heloísa Helena (AL), Sibá Machado
(AC) e Flávio Arns (PR). Têm um
integrante o PDT -Jefferson Péres (AM)-, o PSB -Geraldo
Mesquita Júnior (AC)- e o PL
-Magno Malta (ES). Romeu Tuma (PFL-SP) é membro nato, como corregedor do Senado.
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