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Sétima criança indígena desnutrida morre em MS
Índio de 1 ano e 2 meses tinha quadro de deficiência alimentar, vômito e diarréia
Funasa diz que mãe fugiu com filho do hospital, mas líder indígena alega que eles
foram liberados porque faltava remédio no local
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A criança indígena caiuá Rogério Vilhalva, de um ano e dois
meses, morreu na aldeia Bororó, em Dourados (MS), no fim
de semana, após ser internada
no hospital com quadro de desnutrição moderada, vômito e
diarréia no último dia 6.
A Funasa (Fundação Nacional de Saúde) disse que a mãe,
Edna Vilhalva, 32, fugiu no sábado com a criança do hospital
da Missão Evangélica Caiuá, na
reserva. O órgão diz que os pais
do menino são alcoólatras e rejeitaram a assistência médica.
O líder indígena caiuá Getúlio de Oliveira, 56, afirmou que
"a Funasa fala besteira para se
defender". Segundo ele, a mãe e
a criança "foram liberadas porque não tinha remédio no hospital". Disse que "na aldeia a família não tinha o que comer".
Na versão da Funasa, que
mantém convênio com o hospital para assistência aos indígenas, a criança estava sendo bem
atendida e só não foi internada
novamente, após a fuga, porque
a mãe não voltou para casa, onde a Funasa diz que a procurou.
Ela foi para a residência do sogro e não foi localizada.
O órgão diz ainda que entregou em fevereiro uma cesta de
alimentos de 44 kg à família.
O atestado de óbito, segundo
a Funasa, aponta que ele morreu de desidratação grave provocada por diarréia infecciosa.
Neste ano, nas aldeias dos
guaranis e caiuás em MS, seis
crianças de até dois anos morreram de causas relacionadas à
desnutrição, segundo a Funasa.
Embora estivesse com desnutrição moderada ao ser internado, Rogério não entra na estatística do órgão, pois a desnutrição não consta do atestado
de óbito como causa da morte.
A Funasa diz que atendia as
seis crianças que morreram de
desnutrição, mas não conseguiu salvá-las devido a desajustes familiares -provocados pelo alcoolismo, principalmente.
Em 2006, a desnutrição apareceu entre as causas das mortes de 14 crianças de até quatro
anos, também guarani e caiuá.
Em 2005, foram 27 casos. Os
casos aumentaram, neste ano,
após o governo de MS suspender a entrega de 11 mil cestas de
alimentos aos índios. A entrega
será retomada pela Funasa, que
fez acordo com o governo.
Rogério, conforme o atestado
de óbito, morreu por volta das
22h de domingo. Somente na
segunda-feira pela manhã a Funasa foi chamada para resgatar
o corpo. O órgão informa que
encontrou os pais bêbados.
"Até perto de seis meses de
idade, [a criança] estava [com o
peso] dentro da normalidade.
Na faixa de alimentar [além do
leite materno], não perdeu peso, simplesmente não ganhou o
que precisava", disse o médico
da Funasa Zelick Trajber.
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