São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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DISCURSO
Presidente diz que país está cansado da corrupção e sugere o financiamento público de campanhas
FHC afirma ter "asco" de "tanta lama"

Alan Marques/Folha Imagem
O presidente FHC discursa durante cerimônia no Planalto


da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que sente "asco" ao ler nos jornais as notícias sobre corrupção e impunidade. "O Brasil cansou da impunidade e cansou da corrupção." FHC afirmou que parte do problema pode ser corrigido com o financiamento público de campanhas e de partidos políticos.
"Quero dizer que essa necessidade de pôr fim à impunidade, esse asco que nós sentimos perante o céu, de tanta lama que está aparecendo, requer também que nós prestemos muita atenção que é a forma de financiar os partidos e as campanhas políticas."
Segundo FHC, para evitar que a democracia e as instituições sejam desmoralizadas, além dessas mudanças é preciso dar mais agilidade à Justiça "para acabar com a impunidade".
As declarações foram feitas durante cerimônia de apresentação de 55 oficiais-generais promovidos. Ao falar sobre o papel das Forças Armadas, FHC disse que o país não está "livre" de conflitos nas fronteiras. Também prometeu mais ações contra a violência. A seguir, os principais trechos do discurso do presidente.

CORRUPÇÃO -
Referindo-se às notícias veiculadas pela imprensa sobre o tema, o presidente disse que o Brasil cansou da impunidade e da corrupção -que, segundo ele, não são fenômenos recentes. "Por mais que nos doa, e dói a mim como cidadão, há um lado positivo porque a sociedade está tendo consciência de que é preciso tomar atitudes mais firmes e punir com mais velocidade os responsáveis." Para ele, é preciso agilizar os ritos processuais.

FINANCIAMENTO PÚBLICO -
FHC defendeu o financiamento público de partidos políticos e campanhas. "Com a franqueza que estou usando neste momento, quero dizer que estas matérias todas, essas necessidades de pôr um fim à impunidade, este asco, me perdoem a expressão, que nós sentimos diante de tanto horror perante o céu, tanta lama que está aparecendo, requer também que nós comecemos a pensar com muita atenção a forma de financiar os partidos e as campanhas políticas." Para ele, o financiamento público poderá evitar a descrença na democracia e nas instituições e também evitar a falta de respeito àqueles que foram escolhidos pelo povo. ""Para que isso exista é preciso criar um mecanismo institucional. Tenho a satisfação de dizer que o Estado brasileiro, graças a Deus, é imune a estes mecanismos de desmoralização e de corrupção."

CONFLITOS EXTERNOS -
"Podemos ser compelidos a nos envolver em conflitos gerados externamente por ameaçar o nosso patrimônio. A ação de grupos armados que atuam em países vizinhos nos limites da Amazônia brasileira e o crime organizado internacional são alguns dos pontos que causam preocupação."

FORÇAS ARMADAS -
"Nos orgulhamos de nossas Forças Armadas, elas são respeitadas pelo seu profissionalismo, pelo seu estilo de vida decente e por sua parcimônia, até mesmo na reivindicação pessoal e salarial. Estou falando com gente séria e o Brasil precisa de gente séria."

VIOLÊNCIA -
"Chegamos a um ponto onde não é possível mais -ainda que não seja atribuição constitucional do governo federal- deixar de dar o apoio e, talvez mais do que isso, atuar no nosso âmbito constitucional na questão da segurança pública e no combate à violência e às drogas, que passa a ser um problema nacional."


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