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DISCURSO
Presidente diz que país está cansado da corrupção e sugere o financiamento público de campanhas
FHC afirma ter "asco" de "tanta lama"
Alan Marques/Folha Imagem
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O presidente FHC discursa durante cerimônia no Planalto |
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que
sente "asco" ao ler nos jornais as
notícias sobre corrupção e impunidade. "O Brasil cansou da impunidade e cansou da corrupção." FHC afirmou que parte do
problema pode ser corrigido com
o financiamento público de campanhas e de partidos políticos.
"Quero dizer que essa necessidade de pôr fim à impunidade, esse asco que nós sentimos perante
o céu, de tanta lama que está aparecendo, requer também que nós
prestemos muita atenção que é a
forma de financiar os partidos e as
campanhas políticas."
Segundo FHC, para evitar que a
democracia e as instituições sejam desmoralizadas, além dessas
mudanças é preciso dar mais agilidade à Justiça "para acabar com
a impunidade".
As declarações foram feitas durante cerimônia de apresentação
de 55 oficiais-generais promovidos. Ao falar sobre o papel das
Forças Armadas, FHC disse que o
país não está "livre" de conflitos
nas fronteiras. Também prometeu mais ações contra a violência.
A seguir, os principais trechos do
discurso do presidente.
CORRUPÇÃO - Referindo-se às
notícias veiculadas pela imprensa
sobre o tema, o presidente disse
que o Brasil cansou da impunidade e da corrupção -que, segundo ele, não são fenômenos recentes. "Por mais que nos doa, e dói a
mim como cidadão, há um lado
positivo porque a sociedade está
tendo consciência de que é preciso tomar atitudes mais firmes e
punir com mais velocidade os
responsáveis." Para ele, é preciso
agilizar os ritos processuais.
FINANCIAMENTO PÚBLICO -
FHC defendeu o financiamento
público de partidos políticos e
campanhas. "Com a franqueza
que estou usando neste momento, quero dizer que estas matérias
todas, essas necessidades de pôr
um fim à impunidade, este asco,
me perdoem a expressão, que nós
sentimos diante de tanto horror
perante o céu, tanta lama que está
aparecendo, requer também que
nós comecemos a pensar com
muita atenção a forma de financiar os partidos e as campanhas
políticas." Para ele, o financiamento público poderá evitar a
descrença na democracia e nas
instituições e também evitar a falta de respeito àqueles que foram
escolhidos pelo povo. ""Para que
isso exista é preciso criar um mecanismo institucional. Tenho a
satisfação de dizer que o Estado
brasileiro, graças a Deus, é imune
a estes mecanismos de desmoralização e de corrupção."
CONFLITOS EXTERNOS - "Podemos ser compelidos a nos envolver em conflitos gerados externamente por ameaçar o nosso
patrimônio. A ação de grupos armados que atuam em países vizinhos nos limites da Amazônia
brasileira e o crime organizado
internacional são alguns dos pontos que causam preocupação."
FORÇAS ARMADAS - "Nos orgulhamos de nossas Forças Armadas, elas são respeitadas pelo
seu profissionalismo, pelo seu estilo de vida decente e por sua parcimônia, até mesmo na reivindicação pessoal e salarial. Estou falando com gente séria e o Brasil
precisa de gente séria."
VIOLÊNCIA - "Chegamos a um
ponto onde não é possível mais
-ainda que não seja atribuição
constitucional do governo federal- deixar de dar o apoio e, talvez mais do que isso, atuar no
nosso âmbito constitucional na
questão da segurança pública e
no combate à violência e às drogas, que passa a ser um problema
nacional."
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