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Pivô de investigação
teme sair da prisão
MARCIO AITH
enviado especial a Miami
O empresário Oscar de Barros,
principal suspeito na denúncia de
corrupção de autoridades de São
Paulo pela empresa MetroRED e
um dos envolvidos nas investigações sobre o dossiê Caribe, não
quer sair da cadeia agora.
Preso sob acusação de ter lavado dinheiro para uma quadrilha
de traficantes, ele já demonstrou
ao seu advogado, ao juiz e a promotores ter dinheiro com origem
justificada para pagar a fiança de
US$ 100 mil estipulada para obter
liberdade vigiada.
Mas, por razões desconhecidas,
nega-se a fazê-lo.
Barros foi preso pelo FBI (a polícia federal norte-americana) na
manhã do dia 26 passado. Ele estava em seu apartamento de US$ 1
milhão na parte mais luxuosa da
avenida Brickell, bairro nobre da
cidade onde também se encontra
seu escritório.
O empresário já completou 18
dias na prisão e, segundo relato
feito à Folha por dois amigos que
o viram, está mais ansioso que deprimido. Diz não entender o sistema legal norte-americano, que
ainda não tornou pública a denúncia contra ele, e quer saber a
razão real de sua prisão.
Envolve-se em longas discussões com seu próprio advogado.
Repete várias vezes que seu envolvimento com a lavagem de dinheiro do narcotráfico, motivo
pelo qual foi preso, é fantasia.
Diz que estava acompanhando
o desenrolar de outra investigação, sobre corrupção da MetroRED na Prefeitura de São Paulo, e
que, ao ser preso, achou que tratava-se deste assunto.
Barros tem usado todas as oportunidades que lhe dão para usar o
telefone. A maioria dos telefonemas que faz é para o Brasil, a cobrar. Segundo Barros, sua empresa, a Overland Advisory Services,
não é uma companhia especializada em abrir contas no exterior,
mas sim uma empresa destinada
a "localizar oportunidades de negócios".
Apesar da rotina confortável na
qual vivia fora do centro de detenção de Miami, a vida de Barros
não era tranquila no dia de sua
prisão e nos dois meses que a antecederam.
As atividades do empresário em
Miami ficaram ameaçadas desde
o dia 28 de janeiro, quando o FBI
invadiu seu escritório atrás de indícios de seu envolvimento com a
corrupção de autoridades municipais pela MetroRED. Seu escritório também fica na avenida
Brickell, no mesmo conjunto de
prédios onde está sediada a "Money Laundry Watch", uma organização que combate a lavagem
de dinheiro no mundo.
Desde a invasão do FBI, Barros
não frequenta mais o conhecido
bar brasileiro Las Palmas, apelidado em Miami como "Boca Maldita", um centro de fofocas.
Barros ia ao Las Palmas com seu
amigo e sócio José Maria Ferraz,
um dos donos da Telemarketing
Management Administrative.
Ferraz foi preso no mesmo dia em
que Barros, acusado do mesmo
crime. Os dois geralmente chegavam ao bar num Jaguar. Sentavam-se, fumavam charuto e conversavam sobre política.
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