São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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Pivô de investigação teme sair da prisão

MARCIO AITH
enviado especial a Miami

O empresário Oscar de Barros, principal suspeito na denúncia de corrupção de autoridades de São Paulo pela empresa MetroRED e um dos envolvidos nas investigações sobre o dossiê Caribe, não quer sair da cadeia agora.
Preso sob acusação de ter lavado dinheiro para uma quadrilha de traficantes, ele já demonstrou ao seu advogado, ao juiz e a promotores ter dinheiro com origem justificada para pagar a fiança de US$ 100 mil estipulada para obter liberdade vigiada.
Mas, por razões desconhecidas, nega-se a fazê-lo.
Barros foi preso pelo FBI (a polícia federal norte-americana) na manhã do dia 26 passado. Ele estava em seu apartamento de US$ 1 milhão na parte mais luxuosa da avenida Brickell, bairro nobre da cidade onde também se encontra seu escritório.
O empresário já completou 18 dias na prisão e, segundo relato feito à Folha por dois amigos que o viram, está mais ansioso que deprimido. Diz não entender o sistema legal norte-americano, que ainda não tornou pública a denúncia contra ele, e quer saber a razão real de sua prisão.
Envolve-se em longas discussões com seu próprio advogado. Repete várias vezes que seu envolvimento com a lavagem de dinheiro do narcotráfico, motivo pelo qual foi preso, é fantasia.
Diz que estava acompanhando o desenrolar de outra investigação, sobre corrupção da MetroRED na Prefeitura de São Paulo, e que, ao ser preso, achou que tratava-se deste assunto.
Barros tem usado todas as oportunidades que lhe dão para usar o telefone. A maioria dos telefonemas que faz é para o Brasil, a cobrar. Segundo Barros, sua empresa, a Overland Advisory Services, não é uma companhia especializada em abrir contas no exterior, mas sim uma empresa destinada a "localizar oportunidades de negócios".
Apesar da rotina confortável na qual vivia fora do centro de detenção de Miami, a vida de Barros não era tranquila no dia de sua prisão e nos dois meses que a antecederam.
As atividades do empresário em Miami ficaram ameaçadas desde o dia 28 de janeiro, quando o FBI invadiu seu escritório atrás de indícios de seu envolvimento com a corrupção de autoridades municipais pela MetroRED. Seu escritório também fica na avenida Brickell, no mesmo conjunto de prédios onde está sediada a "Money Laundry Watch", uma organização que combate a lavagem de dinheiro no mundo.
Desde a invasão do FBI, Barros não frequenta mais o conhecido bar brasileiro Las Palmas, apelidado em Miami como "Boca Maldita", um centro de fofocas.
Barros ia ao Las Palmas com seu amigo e sócio José Maria Ferraz, um dos donos da Telemarketing Management Administrative. Ferraz foi preso no mesmo dia em que Barros, acusado do mesmo crime. Os dois geralmente chegavam ao bar num Jaguar. Sentavam-se, fumavam charuto e conversavam sobre política.


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