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FIBRAS ÓPTICAS
Departamento da prefeitura exige das empresas prova de que projetos são de interesse público
Prefeitura suspende novas licenças
ELVIRA LOBATO
em São Paulo
ROBERTO COSSO
da Reportagem Local
Depois de ter aprovado 61 pedidos de instalação de cabos de fibras ópticas e outros equipamentos nas ruas de São Paulo, o Convias (Departamento de Controle
do Uso de Vias Públicas) suspendeu a emissão de licenças para
empresas privadas até que elas
provem que seus projetos são de
interesse público.
Segundo o diretor do Convias,
Gerson Zanatta, a assessoria jurídica da Secretaria Municipal das
Vias Públicas questionou a legalidade da instalação de redes de cabos que não se destinem a serviços públicos. A partir disso, o
Convias pediu que as empresas
comprovassem o enquadramento legal de seus projetos.
A conotação de interesse público é exigida pela Lei Orgânica do
Município que, em seu artigo 114,
dispõe: "O uso de bens municipais por terceiros poderá ser feito
mediante concessão, permissão
ou autorização, conforme o caso,
e o interesse público, devidamente justificado, o exigir".
A secretaria só despertou para o
assunto sete meses depois de o
prefeito Celso Pitta (PTN) ter assinado o decreto 38.139, que permite a passagem pelo subsolo, espaço aéreo, túneis e viadutos de
equipamentos destinados à prestação de serviços de infra-estrutura por entidades de direito público e privado.
Segundo Zanatta, a paralisação
dos processos ocorreu em virtude
de um procurador municipal ter
questionado o interesse público
dos projetos das empresas.
A emissão de novas licenças está suspensa desde fevereiro, um
mês depois de a Justiça norte-americana ter iniciado a investigação de suposto suborno da empresa MetroRED para instalação
de fibras ópticas em São Paulo.
O decreto de Pitta, editado em
julho de 1999, permitiu a legalização das redes subterrâneas de fibras ópticas da MetroRED (em
construção desde 1998), mas não
descreve os serviços que se enquadrariam nas exigências da Lei
Orgânica do Município.
Com base no decreto, o Convias
aprovou 25 projetos de construção de redes de fibras ópticas para
atendimento a empresas, chamadas redes corporativas. Os outros
36 pedidos aprovados eram de
concessionárias de serviços públicos (telefonia, energia elétrica e
gás, por exemplo).
Dos 25 projetos para construção de redes corporativas, 11 foram da MetroRED Telecomunicações (controlada pelo grupo
norte-americano Fidelity); 10 foram da Netstream (empresa fundada pelo grupo Promon e adquirida pela norte-americana AT&T
em dezembro do ano passado) e 4
foram da Pegasus, subsidiária do
grupo Andrade Gutierrez.
MetroRED, Netstream e Pegasus têm autorização do governo
federal para oferecerem redes privadas de transmissão de voz, dados e imagens. O termo técnico
usado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações, responsável pelas outorgas) para definir a atividade é "serviço limitado especializado", pois não dá
acesso ao público em geral.
Com o questionamento do
Convias, as empresas estão sendo
obrigadas a voltar à Anatel em
busca de um atestado do governo
federal de que oferecem um serviço de interesse público, apesar de
ele ser definido como limitado.
Ação judicial
O decreto de Pitta que autoriza a
utilização das vias públicas para
construção de redes de infra-estrutura instituiu a cobrança de
uma tarifa mensal por esse uso e
está sendo questionado na Justiça
pela Telefônica, concessionária
do serviço de telefonia fixa.
Pelo decreto, a companhia já
deveria ter começado a pagar tarifas sobre os acréscimos de sua rede aprovados pela prefeitura a
partir de outubro do ano passado.
A partir de julho deste ano, a cobrança incidiria sobre toda a rede
da Telefônica no município.
Em fevereiro, a empresa entrou
com mandado de segurança contra a cobrança e conseguiu uma liminar em seu favor. A Telefônica
não informa o valor que está deixando de pagar à prefeitura, mas
declara que a soma anual chega a
"alguns milhões de reais".
Segundo a prefeitura, a Eletropaulo também obteve liminares.
A arrecadação mensal com as autorizações é hoje de R$ 236.151,01.
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