São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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NO AR
"Nós" e "os senhores"

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Sentado ao lado de um cacique todo paramentado, depois de beijar uma índia que mais parecia de novela, ACM deve ter engolido seco.
Um índio foi até ele e parou com uma flecha a poucos centímetros de seu rosto. E lá ficou, ameaçando. Nas Globos:
- O índio pediu a retirada dos policiais das terras indígenas na Bahia...
Ontem não foi mais possível esconder, na TV, que o governo da Bahia se perdeu no trato dos índios, nas comemorações oficiais dos 500 anos.
ACM exigiu "respeito". A segurança tirou o índio. O senador baiano discursou:
- A pior coisa que poderia acontecer seria os 500 anos não serem comemorados. Para os senhores (índios) não seria bom. Para nós (brancos, supõe-se) também não seria.
Não seria bom, em especial, para o governo da Bahia, que vem ocupando os intervalos na Globo todo dia, antes de começar o Jornal Nacional, para saudar o descobrimento.
A Globo se calou por semanas sobre a revolta dos índios, sem falar até da destruição pela polícia baiana de um monumento contra a festa.
Ela mesma, Globo, investiu muito em seu projeto para os 500 anos. O mesmo fez o governo FHC, que se encontrou ontem com índios, mas certamente com mais seguranças e cobertura controlada.
A uma semana da data, o que ninguém esperava era que os índios, poucos que sejam, como os 300 de ontem, estragassem a festa -do alto de seu poder moral, de vítimas.
Do outro lado, ninguém esperava que os brancos de hoje se mostrassem tão iguais aos primeiros que chegaram.

Paulo Maluf soltou uma nota, que a Globo deu, questionando a denúncia de corrupção mostrada no JN.
Disse que "nada mais é do que a materialização de uma manobra de finalidade política". Sem dar o nome, abriu na TV um conflito que não cabe mais nos bastidores.


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