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NO AR
"Nós" e "os senhores"
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
Sentado ao lado de um cacique todo paramentado, depois de beijar uma índia que
mais parecia de novela, ACM
deve ter engolido seco.
Um índio foi até ele e parou
com uma flecha a poucos centímetros de seu rosto. E lá ficou,
ameaçando. Nas Globos:
- O índio pediu a retirada
dos policiais das terras indígenas na Bahia...
Ontem não foi mais possível
esconder, na TV, que o governo
da Bahia se perdeu no trato
dos índios, nas comemorações
oficiais dos 500 anos.
ACM exigiu "respeito". A segurança tirou o índio. O senador baiano discursou:
- A pior coisa que poderia
acontecer seria os 500 anos não
serem comemorados. Para os
senhores (índios) não seria
bom. Para nós (brancos, supõe-se) também não seria.
Não seria bom, em especial,
para o governo da Bahia, que
vem ocupando os intervalos na
Globo todo dia, antes de começar o Jornal Nacional, para
saudar o descobrimento.
A Globo se calou por semanas sobre a revolta dos índios,
sem falar até da destruição pela polícia baiana de um monumento contra a festa.
Ela mesma, Globo, investiu
muito em seu projeto para os
500 anos. O mesmo fez o governo FHC, que se encontrou ontem com índios, mas certamente com mais seguranças e cobertura controlada.
A uma semana da data, o
que ninguém esperava era que
os índios, poucos que sejam, como os 300 de ontem, estragassem a festa -do alto de seu poder moral, de vítimas.
Do outro lado, ninguém esperava que os brancos de hoje
se mostrassem tão iguais aos
primeiros que chegaram.
Paulo Maluf soltou uma nota, que a Globo deu, questionando a denúncia de corrupção mostrada no JN.
Disse que "nada mais é do
que a materialização de uma
manobra de finalidade política". Sem dar o nome, abriu na
TV um conflito que não cabe
mais nos bastidores.
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