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São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2003

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RIO

Base governista e integrantes do PT temem prejuízos políticos com a investigação; apuração pode ser encerrada em maio

CPI do "propinoduto" pode acabar sem elucidar suspeitas

FERNANDA DA ESCÓSSIA
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

A CPI do "Propinoduto", que apura um esquema de corrupção na Secretaria de Fazenda do Rio, pode chegar ao fim no início de maio sem aprofundar as investigações. Há um movimento da base da governadora Rosinha Matheus (PSB) para encerrar a comissão e não prorrogá-la por mais 60 dias.
Até agora, a CPI não conseguiu esclarecer o suposto esquema de envio de dinheiro para a Suíça -onde cinco fiscais manteriam contas- nem avançou para mostrar as ligações deles no Rio.
Os governistas são maioria na comissão -têm 6 dos 9 titulares- e estão preocupados com os prejuízos políticos que a prorrogação poderia trazer para o ex-governador Anthony Garotinho (PSB) e sua mulher, Rosinha. O suposto esquema investigado seria comandado por Rodrigo Silveirinha Corrêa, subsecretário de Administração Tributária de Garotinho (de 1999 a abril de 2002).
O ex-governador foi citado em vários depoimentos. O ex-subsecretário de Receita David Birman, por exemplo, contou que foi à casa de Garotinho quando soube que o escândalo seria divulgado. Na campanha de Garotinho a governador em 98, Birman trabalhou na apuração paralela de votos montada do então candidato.
Apesar de se declarar defensor da CPI, Garotinho trabalha nos bastidores para que o seu nome não seja exposto. Ligou diversas vezes para o presidente da Assembléia, Jorge Picciani (PMDB), pedindo o encerramento imediato.
No PT, há a preocupação de que, pressionados, os governistas tentem envolver a ex-governadora Benedita da Silva no escândalo. Hoje ministra de Assistência e Promoção Social, Benedita assumiu o cargo após a renúncia de Garotinho, em abril de 2002.
Pesa contra ela a anulação de uma multa de R$ 468 milhões da Rio de Janeiro Refrescos Ltda., empresa subsidiária da Coca-Cola, em dezembro de 2002. Há dez dias, a Assembléia suspendeu o cancelamento da multa.
A CPI não ouviu nem Garotinho nem Benedita. Uma decisão de Picciani considerou inconstitucional a convocação deles. Ambos dizem estar dispostos a falar, mas não se apresentaram.
Não há interesse em investigar, por exemplo, denúncias que possam levar aos próprios deputados. Sasse também citou na CPI quatro deputados como supostos beneficiários de indicações para inspetorias na Fazenda. Para o deputado Paulo Ramos (PDT), sub-relator de sigilo fiscal, a CPI se transformou em um "CPIcídio": "No momento em que estamos chegando aos ex-governadores, a CPI promove o seu próprio suicídio, sem chegar a lugar nenhum, para beneficiar governistas e petistas".



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