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RIO
Base governista e integrantes do PT temem prejuízos políticos com a investigação; apuração pode ser encerrada em maio
CPI do "propinoduto" pode acabar sem elucidar suspeitas
FERNANDA DA ESCÓSSIA
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A CPI do "Propinoduto", que
apura um esquema de corrupção
na Secretaria de Fazenda do Rio,
pode chegar ao fim no início de
maio sem aprofundar as investigações. Há um movimento da base da governadora Rosinha Matheus (PSB) para encerrar a comissão e não prorrogá-la por
mais 60 dias.
Até agora, a CPI não conseguiu
esclarecer o suposto esquema de
envio de dinheiro para a Suíça
-onde cinco fiscais manteriam
contas- nem avançou para mostrar as ligações deles no Rio.
Os governistas são maioria na
comissão -têm 6 dos 9 titulares- e estão preocupados com os
prejuízos políticos que a prorrogação poderia trazer para o ex-governador Anthony Garotinho
(PSB) e sua mulher, Rosinha. O
suposto esquema investigado seria comandado por Rodrigo Silveirinha Corrêa, subsecretário de
Administração Tributária de Garotinho (de 1999 a abril de 2002).
O ex-governador foi citado em
vários depoimentos. O ex-subsecretário de Receita David Birman,
por exemplo, contou que foi à casa de Garotinho quando soube
que o escândalo seria divulgado.
Na campanha de Garotinho a governador em 98, Birman trabalhou na apuração paralela de votos montada do então candidato.
Apesar de se declarar defensor
da CPI, Garotinho trabalha nos
bastidores para que o seu nome
não seja exposto. Ligou diversas
vezes para o presidente da Assembléia, Jorge Picciani (PMDB), pedindo o encerramento imediato.
No PT, há a preocupação de
que, pressionados, os governistas
tentem envolver a ex-governadora Benedita da Silva no escândalo.
Hoje ministra de Assistência e
Promoção Social, Benedita assumiu o cargo após a renúncia de
Garotinho, em abril de 2002.
Pesa contra ela a anulação de
uma multa de R$ 468 milhões da
Rio de Janeiro Refrescos Ltda.,
empresa subsidiária da Coca-Cola, em dezembro de 2002. Há dez
dias, a Assembléia suspendeu o
cancelamento da multa.
A CPI não ouviu nem Garotinho nem Benedita. Uma decisão
de Picciani considerou inconstitucional a convocação deles. Ambos dizem estar dispostos a falar,
mas não se apresentaram.
Não há interesse em investigar,
por exemplo, denúncias que possam levar aos próprios deputados. Sasse também citou na CPI
quatro deputados como supostos
beneficiários de indicações para
inspetorias na Fazenda. Para o deputado Paulo Ramos (PDT), sub-relator de sigilo fiscal, a CPI se
transformou em um "CPIcídio":
"No momento em que estamos
chegando aos ex-governadores, a
CPI promove o seu próprio suicídio, sem chegar a lugar nenhum,
para beneficiar governistas e petistas".
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