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SENADO
Parlamentar foi internado em 18 de fevereiro
Humberto Lucena morre aos 69 em SP
e do Banco de Dados
O senador Humberto Lucena
(PMDB), 69, morreu ontem em
consequência de parada cardíaca.
Ele estava internado na Unidade
Coronariana do Incor (Instituto
do Coração), em São Paulo, desde
o dia 18 de fevereiro.
Lucena iria completar 70 anos no
próximo dia 22. O senador sofria
de problemas renais, cardíacos e
pulmonares. Este ano, ele recebeu
duas pontes de safena e uma mamária. Fazia diariamente hemodiálise (processo de filtração do
sangue para eliminar impurezas) e
estava respirando por meio de
aparelhos.
Anteontem, segundo a chefe de
gabinete do senador, Mariângela
Albuquerque, os médicos colocaram um cateter (tubo) no abdômen para possibilitar a eliminação
do excesso de líquidos no organismo (diálise).
Segundo os médicos, a pressão
arterial do senador estava baixando por conta das hemodiálises. Os
médicos estavam sendo obrigados
a injetar medicamentos para tentar normalizar a pressão.
O corpo de Lucena deve chegar
hoje à tarde a João Pessoa e deverá
ser velado no Palácio da Redenção, sede do governo estadual.
Até o início da noite, a família
não sabia dizer que dia Lucena será enterrado.
Com a morte do senador, assumirá a vaga o suplente Wellington
Roberto (PMDB-PB).
Cassado e anistiado
Lucena estava no seu terceiro
mandato de senador. Foi duas vezes presidente do Congresso.
Na campanha para seu último
mandato, ele foi acusado de usar a
gráfica do Senado para confeccionar calendários.
Em 1994, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determinou a cassação do mandato do senador.
Da ala moderada do partido, Lucena só não perdeu o mandato
porque foi anistiado por uma lei
aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso, em 1995.
A razão que apresentou por sancionar a lei foi "o risco de criar um
conflito grave entre poderes".
O real motivo foi a pressão do
PMDB (partido de Lucena). Se o
governo não anistiasse Lucena, o
Senado rejeitaria a indicação do
economista Pérsio Arida para a
presidência do Banco Central.
Para validar a anistia de Lucena,
parlamentares amigos do senador
organizaram uma "vaquinha" e
arrecadaram os R$ 15.210,00 para
pagar os custos dos 130 mil calendários.
Além do caso da "gráfica do Senado", Lucena teve seu nome envolvido na CPI do Orçamento.
Os parlamentares incluíam no
Orçamento da União emendas para gastos "sociais". Aprovado o
Orçamento, os parlamentares negociavam com o governo a liberação dessas verbas para entidades
indicadas por eles.
As entidades recebiam o dinheiro e devolviam uma porcentagem
ao parlamentar.
O economista José Carlos Alves
dos Santos acusou o senador de
conhecer o esquema de corrupção
e de indicar entidades beneficiadas com liberação de verbas públicas. Lucena foi considerado inocente. O senador negou as acusações. "Posso ser considerado feio e
burro, mas nunca desonesto."
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