LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília

A Câmara vota hoje o pedido de cassação do deputado Pedrinho Abrão (PTB-GO), dando início ao julgamento dos deputados processados por falta de decoro parlamentar.
Abrão foi acusado de ter cobrado propina para manter os recursos destinados à barragem do Castanhão (Ceará) no Orçamento da União em dezembro de 1996.
O pedido de cassação do mandato do deputado foi aprovado na CCJ em julho do ano passado.
O líder do PTB, deputado Paulo Heslander (MG), afirmou que a mudança na data do julgamento de Abrão "foi uma armação" para favorecer a absolvição do deputado Sérgio Naya (sem partido-MG), também alvo de processo de cassação.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), havia marcado a votação do pedido de cassação de Naya, confirmada para amanhã, na frente de todos os outros processos.
Na quarta-feira passada, Temer decidiu antecipar o julgamento do petebista. Segundo Heslander, qualquer resultado da votação de hoje favorecerá Naya.
"Se ele for cassado, a Câmara terá dado uma satisfação para a sociedade e poderá livrar Naya da cassação. Se Pedrinho não for cassado, (os deputados) não vão cassar Naya também", disse o líder.
Heslander afirmou que o deputado distrital Luiz Estevão (PMDB) é um dos principais articuladores da tropa de choque de Naya dentro do PMDB.
Estevão é sócio de Naya em empreendimento em Brasília. A Folha apurou que Estevão trabalhou na tentativa de livrar Naya no julgamento na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), primeira etapa do processo.
O peemedebista está tentando convencer deputados a votar contra a cassação ou ausentarem-se da sessão para evitar quorum.
Para aprovar a cassação, é necessária a maioria absoluta dos votos, 257 do total de 513.
Estevão nega que esteja ajudando Naya. "É uma história desvairada", afirmou.
A assessoria de Temer informou que a antecipação do julgamento de Abrão foi em decorrência do pedido de deputados que integram a Mesa da Câmara.
Eles estariam preocupados com o argumento que Naya tem usado para tentar manter seu mandato. O parlamentar mineiro estaria tentando se passar por vítima porque o seu julgamento seria o primeiro, apesar de outros processos estarem prontos para votação.
Abrão reuniu-se ontem com seus advogados e se encontrou com Heslander para traçar a estratégia para a votação de hoje.



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