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IMPRENSA
Decisão de banir jornalista do "NYT" repercute nas mídias européia e americana
"The Economist" afirma
que Lula imitou ditaduras
DA REDAÇÃO
A decisão do governo brasileiro
de expulsar do país o correspondente do "New York Times"
Larry Rohter repercutiu ontem na
imprensa internacional, que chegou a comparar a atitude com a
maneira de agir de ditaduras.
A revista "The Economist" e o
jornal "Financial Times", dois veículos britânicos entre os mais
prestigiados do jornalismo econômico mundial, criticaram a
medida do governo Lula, tomada
em reação à reportagem que afirma que o hábito de beber do presidente é preocupação nacional.
A revista diz que dúvidas sobre
a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm pouco a ver,
na verdade, com os rumores sobre seu suposto hábito de beber,
mas que a resposta dada por ele
"imitou a forma de as ditaduras lidarem com seus críticos e o transformou de vítima em agressor".
O texto da "Economist" começa
relatando que a revista pretendia
usar aquele espaço para tratar do
combate ao crime no Rio, mas
que foi obrigada a rever isso após
a decisão brasileira de expulsar
um jornalista. Com a medida,
continua, Lula forçou a imprensa
mundial a prestar atenção "numa
história embaraçosa que, de outra
maneira, teria sido esquecida".
A atitude do presidente, define
o texto, é "triste e irônica", já que
Lula, como outros líderes de seu
partido, combateu a ditadura militar, na qual ocorreu a última expulsão de um jornalista no país.
A decisão, diz a "Economist",
causou estardalhaço e veio num
momento ruim, após uma derrota importante do governo no
Congresso. Segundo a revista, o
presidente pode rever a medida,
mas o estrago já está feito. "A expulsão levanta mais dúvidas sobre a capacidade de julgamento
de Lula do que qualquer coisa que
o jornalista escreveu", justifica.
Já o "Financial Times" afirmou
que a decisão de expulsar Rohter
transformou "o que começou como uma reportagem que foi quase universalmente ridicularizada"
num "incidente diplomático". Para o jornal, foi um "tiro no pé".
A medida, diz, gerou acusações
ao governo de ser incompetente,
paranóico e autoritário e de infringir a liberdade de imprensa.
A reportagem, programada para ser publicada hoje, relata que o
"NYT" defendeu seu jornalista e
que, em encontro com senadores,
Lula admitiu que poderia rever a
expulsão se o diário se retratar.
Nos EUA, o jornal "Los Angeles
Times", um dos principais do
país, fez um trocadilho jocoso, dizendo que o governo Lula já estava acostumado a críticas de que é
pobre em experiência ("thin on
experience"), em idéias ("thin on
ideas") e em realizações ("thin on
achievements"). Agora, é acusado
de ser sensível ("thin-skinned").
Na Argentina, o diário "Clarín"
destacou as críticas do Departamento de Estado dos EUA à decisão brasileira de banir Rohter.
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