São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Tucano lança pré-candidatura a prefeito com críticas ao PT e promessa de que, se eleito, conclui mandato

Serra liga Marta a Lula e diz que fica 4 anos

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

No lançamento da sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo, o presidente do PSDB, José Serra, relacionou a administração da prefeita Marta Suplicy (PT) à gestão do presidente Lula e afirmou: "A esperança transformou-se em decepção".
Ao lado das principais lideranças tucanas, Serra fez um discurso crítico, cujo principal alvo foi o PT: "Tirar a cidade de São Paulo do caminho errado é uma contribuição fundamental para o Brasil. Tenho andado pelos Estados e ouvido as pessoas, perplexas, indagando: "O que acontece com o Brasil?" Os brasileiros estão cada vez mais inquietos e descontentes, mais frustrados. A esperança transformou-se em decepção".
Derrotado na eleição de 2002 por Lula, o tucano disse que conduzirá a campanha "olhando para a frente". Negou que sua candidatura seja uma preliminar das eleições de 2006, para a Presidência e para o governo do Estado.
"Sou candidato para ser prefeito por quatro anos. O resto são apenas divagações." E atacou a gestão de Marta, pré-candidata à reeleição: "A população já não suporta taxas e impostos pesados que se transformam em imensos gastos com propaganda enganosa, empreguismo e obras eleitoreiras".
Para mais de 500 militantes reunidos na Câmara Municipal, os caciques tucanos esforçaram-se para associar o desgaste da gestão Lula, com problemas como o aumento do desemprego, a Marta.
"Lula está desafiado a trabalhar por Marta na eleição. Vai ser uma beleza", disse o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). "Vamos colar a cara de Lula na da Marta."
Segundo Serra, São Paulo "tem sido vítima antecipada da incoerência do PT". "[A cidade] tem estado travada há mais tempo pela inépcia, pela frustração de uma administração que faz no exercício do poder exatamente o contrário daquilo que promete."
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não foi ao evento e enviou mensagem. Segundo tucanos, ele irá à convenção em junho, na oficialização da candidatura Serra, que já disputou a prefeitura em 1988 e em 1996. Os outros quatro pré-candidatos do partido -os deputados Zulaiê Cobra e Walter Feldman, o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu, e José Aníbal- foram apoiar Serra.
Zulaiê ainda alfinetou Saulo, que era o candidato preferido do governador Geraldo Alckmin: "Nós não fomos [candidatos], mas ele [Saulo] também não foi".

Revanche?
Os tucanos destacaram o desafio de 2006 e o caráter nacional da eleição com a entrada de Serra, mas não disfarçaram o clima de revanchismo. "A partir da eleição de José Serra, é inexorável a volta do PSDB ao poder central", disse o governador Aécio Neves (MG).
"Tem gente que gosta de metáfora futebolística. Então, se a outra [campanha] bateu na trave, esta vai ser de goleada", completou Alckmin, em uma referência indireta aos discursos de Lula.
Um militante jogou uma camiseta amarela para Serra. No acessório, da campanha anterior, estava escrito: "Serra, presidente". A peça foi para baixo da mesa.
"Se a luta foi entre o realismo e o sonho, agora será entre a verdade e o pesadelo", disse Virgílio, que foi irônico: "Depois discutiremos o apoio de Marta no segundo turno para derrotarmos Maluf (PP)".
O senador Tasso Jereissati (CE), que se indispôs com Serra na escolha do tucano que disputaria as eleições em 2002, foi ao evento.
Os líderes tucanos foram à Câmara em uma van que saiu do Palácio dos Bandeirantes, onde almoçaram. Na porta da Câmara, cerca de 50 estudantes da Fatec pediam verbas para a faculdade.


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