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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Bate-boca e empurrões marcam disputa entre governistas e entusiastas da candidatura própria; Garotinho provoca Lula e Renan Calheiros
PMDB tem dia tenso e votação tumultuada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A exemplo do clima tenso que
predominou nas últimas semanas, a convenção do PMDB foi
marcada por bate-boca, xingamentos e provocações na tribuna
montada no auditório do Senado.
Minutos antes do início da votação, houve troca de empurrões
entre militantes do partido.
Com o microfone em punho,
Anthony Garotinho insuflou o
auditório, formado em maioria
por seus aliados, ao afirmar que
"o PMDB não é uma prostituta".
"Nos convidam para ser ou virar
uma prostituta. O PMDB não pode ir para a cama com ninguém a
não ser com o povo brasileiro."
O discurso de Garotinho foi recheado de provocações ao presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e ao governo Lula, a
quem se referiu como "essa quadrilha que se instalou no poder".
Encerrou sua fala com um soco
no ar em resposta a um coro comandado por sua filha, Clarissa,
que pedia seu nome para "presidente do Brasil".
Presidente da República em
exercício, Renan deixou a convenção antes da chegada de Garotinho, com os senadores José Sarney (AP), Ney Suassuna (PB) e o
ex-ministro das Comunicações
Eunício Oliveira (CE). Mas antes
de votar rebateu às manifestações:
"É uma claque de quatro gatos
pingados que não têm votos. Isso
mostra que Garotinho não está
preparado para ser presidente".
Na seqüência, o ex-presidente
Itamar Franco (1992-1994) também discursou. Com a voz rouca,
foi mais comedido, mas terminou
aplaudido por sua defesa à tese da
candidatura própria. "De que
adianta termos governadores e
senadores se não temos a Presidência da República?"
Após a fala dos dois pré-candidatos, Garotinho constrangeu Itamar e o ex-governador Orestes
Quércia (SP) ao sugerir que todos
se levantassem juntos, com as
mãos dadas, diante do coro pela
candidatura própria entoado por
seus aliados no auditório.
O último discurso polêmico antes do intervalo na convenção foi
do senador gaúcho Pedro Simon
(RS), que fez ataques a Renan e
Sarney. "Essa gente aqui não tem
nada a ver com aquela (...) Pergunte ao [Aloizio] Mercadante
[senador do PT] se ele tem metade dos cargos que Renan e Sarney
têm no governo", disse Simon.
Na apuração dos votos, o clima
voltou a esquentar quando os
apoiadores de Garotinho passaram a provocar Suassuna queimando uma nota de R$ 2 aos gritos de "Suassuna, sanguessuga!",
em referência ao suposto envolvimento de um assessor do senador
no esquema de desvio de recursos
do Orçamento.
Apesar do forte esquema de segurança no Senado (120 homens
contratados de uma empresa privada), cerca de 20 apoiadores da
candidatura de Garotinho entraram em atrito com delegados de
Pernambuco, comandando por
Jarbas Vasconcelos, ex-governador daquele Estado (1999-2006).
Com o dedo em riste, os aliados
de Garotinho chamaram Jarbas
de "traidor", "Judas" e "bêbado"
-o pernambucano defendeu até
o início do ano a candidatura própria, mas agora trocou de lado. Os
adeptos de Jarbas reagiram com
palavrões e houve gritaria e empurrões.
Em discurso, Garotinho também fez menções ao aparato policial destacado por Renan para
acompanhar o evento e queixou-se quanto a proibição da entrada
de seus apoiadores no auditório.
Do lado de fora do Congresso,
cerca de cem aliados de Garotinho montaram tendas e protestaram ao som de trios elétricos.
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