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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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GOVERNO

Presidente reclama de desarticulação política e de críticas de intelectuais

Lula pede a ministros que defendam gestão de Palocci

Nabor Goulart/Palácio Piratini
Luiz Gushiken, ministro da Secretaria de Comunicação de Governo


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ontem ministros e articuladores congressuais para reforçar a posição do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, bastante criticado por políticos, economistas e intelectuais do próprio PT nos últimos dias.
Lula quis dar um sinal de que, sob pressão, não cederá aos pedidos para atenuar o rigor fiscal e monetário de Palocci. Na semana que vem, há reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), órgão que fixa a taxa básica de juros da economia, hoje em 26,5% ao ano. Há pressão pela queda.
Lula também pediu o fim da desarticulação no Congresso. Em conversa à parte com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (SP), pediu entrosamento no Congresso. Contrariando Lula, João Paulo mandou instalar a CPI do Banestado na Câmara nesta semana. O Planalto alega que a comissão atrapalharia a tramitação das reformas. Lula avisou João Paulo que o ministro Márcio Thomaz Bastos falaria sobre as investigações aos membros da CPI. Ele vai tentar suspender os trabalhos da CPI por 60 dias.
Lula deseja que ministros e líderes congressuais atuem firmemente na defesa de Palocci. Quer que rebatam ataques de radicais do PT, do PDT de Leonel Brizola e da oposição, seja no Congresso, seja disputando espaço na mídia. O governo e Palocci têm sofrido com ataques do próprio PT e de membros do governo.
Na quarta, servidores públicos, a CUT e partidos de esquerda fizeram o maior protesto de rua contra o governo. A esquerda petista foi ao ato. Nesse dia, a cúpula do PT cobrou dos ministros petistas ajuda para conter rebeliões.

Críticas a Palocci
Intelectuais e economistas ligados ao PT atacaram Palocci, pedindo controle cambial e queda já dos juros. Lula descartou essas medidas. Avaliou ser hora de "segurar o tranco", sob pena de minar Palocci. Segundo a Folha apurou, Lula ficou chateado com intelectuais que se reuniram com ele duas semanas atrás. Lula disse que, no encontro, houve críticas num tom cordial, mas que, depois, pessoas que estiveram com ele bateram duro no governo.
Até no Congresso, no qual Lula construiu maioria para aprovar as reformas, houve desarticulação. João Paulo foi criticado por ter ressuscitado a CPI do Banestado após o Senado tê-la enterrado.
Nas conversas reservadas, Lula julga um "erro" a eleição de João Paulo para presidente da Câmara. Avalia que ele tem tomado atitudes de independência incompatíveis com seu cacife, já que chegou ao posto graças ao governo.
Num café da manhã, no Palácio da Alvorada, Lula pediu a João Paulo maior apoio, dizendo que o destino político de todos estava ligado ao sucesso do governo.
Lula mostrou preocupação com o clima de "ciúme" entre João Paulo e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Diminuiu a contrariedade de Lula com Mercadante, que adiou debate sobre juros (tema incômodo para o governo) e se desgastou para enterrar a CPI do Banestado no Senado. Diferentemente de João Paulo, Mercadante tem brilho próprio no PT -foi eleito senador com 10 milhões de votos.
Mais tarde, no Palácio do Planalto, Lula fez a reunião para fortalecer Palocci. Participaram dela, entre outros, Palocci, Mercadante, José Dirceu (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria Geral), o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e o líder do governo no Congresso, o senador Amir Lando (PMDB-RO). Lula pediu aos participantes a divulgação de "ações positivas", como a liberação de R$ 32,5 bilhões para financiar a safra agrícola.

Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília


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