São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

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Ciro vê "erro grave" de seu partido na aliança com Collor

Ormuzd Alves/Folha Imagem
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, participa de encontro com lojistas na Câmara Municipal de Serra Talhada (PE)


LIA HAMA
ENVIADA ESPECIAL A SERRA TALHADA

O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, atacou ontem a aliança de seu partido em Alagoas com o PRTB, do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
"Acho que há um erro grave aí. Eu tenho uma inclinação definitiva de não aceitar esse envolvimento do meu partido, que comete um erro", afirmou o candidato, ao chegar no aeroporto de Serra Talhada, no sertão de Pernambuco.
O "Diário Oficial" de Alagoas publicou anteontem a lista de partidos que formam a chapa encabeçada por Collor em Alagoas: PRTB, de Collor, PPS, PPB, PFL e PTB (partido que também integra a Frente Trabalhista, que apóia Ciro), que indicou o vice, Antônio Carlos Rezende.
A aliança foi formalizada apesar da pressão da Executiva Nacional do partido, contrária à aproximação com Collor. A comparação com Collor é uma das críticas que mais incomodam Ciro, que possui em comum com o ex-presidente o fato de ser jovem, ter construído sua carreira política no Nordeste e ser visto por muitos como arrogante e impetuoso.
Ao ser questionado sobre o que pretende fazer em relação a essa aliança, Collor respondeu: "Vamos ver o que a gente faz", sem responder sobre a possibilidade de uma intervenção no diretório estadual do partido.
O senador Roberto Freire (PPS-PE), presente na convenção da Federação Comercial Varejista na cidade, onde Ciro deu palestra na manhã de ontem, fez coro à declaração do presidenciável. "Ainda não tenho a informação exata. Não me parece que há apoio ao Collor. Se há, é um grave equívoco", afirmou.
Anteontem, o deputado federal Regis Cavalcante, a maior liderança do PPS em Alagoas, afirmou que a aliança com a chapa do ex-presidente Collor foi fechada por causa da "loucura que é a verticalização" imposta pela Justiça Eleitoral nestas eleições.

Inocêncio
Na terra natal do líder do PFL na Câmara dos Deputados, Inocêncio Oliveira, Ciro negou que sua visita à cidade seja uma tentativa de aproximação com o pefelista. "O PFL apóia o candidato do governo [José Serra, do PSDB"", afirmou. Mas não descartou que o apoio é bem vindo.
"Para que minhas propostas se façam concretas é preciso somar 3 de cada 5 deputados federais e senadores. Para bem governar, é preciso dialogar com todas as forças", afirmou o candidato.
O líder pefelista, que concorre à reeleição este ano, chegou a Serra Talhada na tarde de quinta-feira. Havia uma expectativa de que ele pudesse aparecer na Câmara Municipal, onde Ciro fez a palestra, mas até o fechamento dessa edição não havia comparecido.
"Ciristas" apontam que Inocêncio Oliveira estaria fadado a ficar com Serra, mas não tem a menor simpatia por ele.
Entre outros líderes do PFL que já declaram apoio a Ciro estão: o senador Jorge Bornhausen (SC), presidente licenciado do partido, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (BA), o senador Agripino Maia (RN) e o deputado e ex-ministro Roberto Brant (MG).


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