São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

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ELEIÇÕES 2002/ESTILO DE CAMPANHA

  Roupas traduzem "jeito de corpo" de cada candidato

Visuais revelam alma política dos presidenciáveis

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Imagem é tudo. O slogan do refrigerante pode bem se aplicar às eleições presidenciais de 2002. Vivemos na era das celebridades, e o grande público segue, como num comício, os sinais emitidos por gravatas, camisas, ternos e penteados. Aprendemos a interpretar, inconscientemente, o que comunicam os elementos do vestuário dos candidatos.
Este ano, mais do que em outros tempos, a maneira como eles são vistos pela grande massa eleitoreira é fundamental.
A virada se deu com o novo visual de Luiz Inácio Lula da Silva, que adotou ternos bem-cortados, sorriso limpo e barba aparada. A partir daí -e depois do sucesso da iniciativa- toda atenção é pouca quanto à roupa de cada aparição.
Lula parece continuar o mais preocupado com o "style". Passado o barulho em torno dos famosos ternos de R$ 4 mil (que, afinal, não teriam custado tudo isso), o petista tem caprichado principalmente nas cores das camisas, seguindo uma tendência global. Aqui, a intenção é suavizar e dar ao candidato um ar mais cosmopolita mesmo, mais sofisticado. E tome o cor de rosa (da moda), o amarelo, e até mesmo um esquisito tom de verde, usado em Goiânia nesta semana. O azul "trocador de ônibus" vem sendo deixado para ocasiões mais populares, como a caminhada que deu início à campanha. Para o dia em que foi indicado o candidato do partido, uma estratégica gravata vermelha -com a camisa num azul irretocável- deu provas de que a turma de Duda Mendonça sabe o que está fazendo. Ao menos no quesito fashion.
Quem vem acertando é Ciro Gomes, mais para o estilo clássico, querendo fazer a linha empreendedor-maduro-e-sério: taí algo que uma boa camisa branca, bem lavada e engomada, não deixa dúvida. É um look que o eleitorado feminino adora. Ciro é o bonitão da eleição.
Enquanto o candidato do PPS morre de medo de desenvolver a tradicional pança dos políticos -inimiga de qualquer personal stylist-, Garotinho se joga. Sem medo de ser feliz, come tudo o que quer, dando trabalho a seu alfaiate. Mas pouco inova: prefere investir numa espécie de menu de gravatas e na camisa pólo (supercareta, claro). E na tal camisa azul, com gravata e prendedor, sinais de conservadorismo.
José Serra também é fã dessa linha, mais convencional. Calça bege, camisa azul, mocassim... Seu look é tão em cima do muro quanto ele, insosso, o verdadeiro não-estilo. A melhor imagem de José Serra é Rita Camata.


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