São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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Para Lembo, "só malandro quer ser governador"

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de explicar seu desapego ao cargo de governador de São Paulo a jornalistas, Cláudio Lembo (PFL) puxou o gravador da reportagem da Folha ontem à noite e declarou: "Só malandro quer ser [governador]!" Em seguida, fez gestos para a repórter não gravar, mas a frase já tinha sido registrada, o que foi informado ao governador, cada vez mais famoso por seus comentários ácidos ou divertidos.
Depois da declaração, Lembo saiu despreocupado entre assessores, para ser efusivamente recebido para um evento na noite de ontem pelo ator, diretor e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa no teatro Oficina, no centro da capital paulista.
Lembo, ex-colega de Corrêa na faculdade de direito, autorizou ontem o grupo do dramaturgo, o Oficina Usyna Uzona, a usar o teatro, pertencente ao Estado, até que seja aprovada pela Assembléia paulista uma concessão de uso.
O dramaturgo ainda tentou ensaiar uma valsa com Lembo pouco antes de entrar no local, mas o governador seguiu caminhando.

Ansiedade
Pouco antes, Lembo, que se manifestava pela primeira vez sobre a segunda onda de ataques do PCC em São Paulo, voltou a confirmar que está ansioso para deixar o cargo -o que já tinha afirmado há dois meses, na primeira série de ataques.
"Faltam 170 dias para você ficar livre de mim", disse o governador, depois de ser provocado por um repórter.
Questionado se o desejo de deixar o governo não denotava um abandono do Estado, o governador pefelista começou a explicar sua relação com o poder.
"Essa sua pergunta é muito boa. Eu sou um homem que busca governar sem nenhum interesse egoístico. Eu disse no primeiro dia que cheguei: foi o acaso que me levou ao governo de São Paulo, tenho uma carreira curta no governo", disse Lembo.
"Claro que estou fazendo o possível, mais do que o possível, para preservar a disciplina, para preservar a boa administração, a administração honrada, ética, e faço isso com grande satisfação, me sinto muito homenageado, mas também, como um bom velhinho, preciso me retirar", continuou o governador. "Só malandro quer ser [governador]!", encerrou.


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