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Para Lembo, "só malandro quer ser governador"
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de explicar seu desapego ao cargo de governador de São Paulo a jornalistas, Cláudio Lembo (PFL)
puxou o gravador da reportagem da Folha ontem à noite
e declarou: "Só malandro
quer ser [governador]!" Em
seguida, fez gestos para a repórter não gravar, mas a frase já tinha sido registrada, o
que foi informado ao governador, cada vez mais famoso
por seus comentários ácidos
ou divertidos.
Depois da declaração,
Lembo saiu despreocupado
entre assessores, para ser
efusivamente recebido para
um evento na noite de ontem pelo ator, diretor e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa no teatro Oficina,
no centro da capital paulista.
Lembo, ex-colega de
Corrêa na faculdade de direito, autorizou ontem o grupo
do dramaturgo, o Oficina
Usyna Uzona, a usar o teatro,
pertencente ao Estado, até
que seja aprovada pela Assembléia paulista uma concessão de uso.
O dramaturgo ainda tentou ensaiar uma valsa com
Lembo pouco antes de entrar no local, mas o governador seguiu caminhando.
Ansiedade
Pouco antes, Lembo, que
se manifestava pela primeira
vez sobre a segunda onda de
ataques do PCC em São Paulo, voltou a confirmar que está ansioso para deixar o cargo -o que já tinha afirmado
há dois meses, na primeira
série de ataques.
"Faltam 170 dias para você
ficar livre de mim", disse o
governador, depois de ser
provocado por um repórter.
Questionado se o desejo de
deixar o governo não
denotava um abandono do
Estado, o governador pefelista começou a explicar sua relação com o poder.
"Essa sua pergunta é muito boa. Eu sou um homem
que busca governar sem nenhum interesse egoístico. Eu
disse no primeiro dia que
cheguei: foi o acaso que me
levou ao governo de São Paulo, tenho uma carreira curta
no governo", disse Lembo.
"Claro que estou fazendo o
possível, mais do que o possível, para preservar a disciplina, para preservar a boa administração, a administração honrada, ética, e faço isso
com grande satisfação, me
sinto muito homenageado,
mas também, como um bom
velhinho, preciso me retirar", continuou o governador. "Só malandro quer ser
[governador]!", encerrou.
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