São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE NA SEGURANÇA

Lula diz que "até leviandade" tem limite

No lançamento de sua campanha no ABC, presidente reage às declarações de adversários e os acusa de fazer jogo "rasteiro'

Petista cita números favoráveis ao seu governo e reage a Serra, afirmando que fará todo o esforço para eleger Mercadante em SP

MALU DELGADO
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma dura resposta a seus principais adversários políticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva os acusou, ontem, de fazer um jogo eleitoral "rasteiro" e afirmou que há limite para a leviandade. Lula reagiu, no lançamento oficial de sua candidatura em São Bernardo do Campo, às declarações de Jorge Bornhausen (PFL-SC) e José Serra (PSDB), que insinuaram haver ligações entre o PT e o crime organizado.
"É no mínimo questão de insanidade tentar vincular o PT ao crime organizado. Por favor, leviandade também tem limite. O jogo político existe. E que o jogo não seja tão rasteiro", afirmou Lula, em discurso de 45 minutos na abertura de jantar no restaurante São Judas Tadeu, onde os fundadores do PT fizeram as primeiras reuniões partidárias e elaboraram o manifesto de criação do partido.
Numa clara ofensiva aos tucanos, que governaram São Paulo por 12 anos, Lula prometeu não medir esforços para que o senador Aloizio Mercadante (PT) vença a eleição ao governo de São Paulo. "Vou dar à sua eleição em São Paulo a mesma importância que darei à minha reeleição. Esteja certo de que você está no meu coração e no do José Alencar. Estou quase convencendo o Alencar a transferir o voto para cá, para fazermos de você governador."
O presidente disse que Mercadante não deve se preocupar com pesquisas. "Eu estou muito na frente, mas pesquisa não é motivo de preocupação", afirmou. Para Lula, a vitória na Presidência e em São Paulo "vão consagrar o sonho" de criar um país mais justo. "Porque nós queremos que o povo possa comer filet mignon, picanha, muitas vezes ao ano."
Lula antecipou que hoje haverá uma reunião dos dirigentes da Polícia Federal e do Ministério da Justiça com a equipe do governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL). "Não é hora de mesquinharia, de alguém querer ficar incriminando alguém. A hora é de seriedade, de dizer ao povo de São Paulo que o município, o Estado, a União, os sindicatos, a imprensa, a sociedade livre, honesta e trabalhadora têm que ter supremacia e a disposição política de vencer os que se encaminharam para a criminalidade."
Ele voltou a elogiar a conduta de Lembo, afirmando que tem sido parceiro do governo federal. Lula disse que o limite de atuação da União é oferecer ao Estado a Força Nacional de Segurança Pública.
A crise em São Paulo foi o foco central das atenções do PT no jantar de ontem. O presidente da sigla, Ricardo Berzoini, fez uma manifestação pública de repúdio às declarações de Bornhausen e Serra.
Segundo Berzoini, o PT tem evitado trazer esse tema para a campanha. Porém, disse ele, "pessoas do PFL e do PSDB" fizeram afirmações sobre "vínculos imaginários, irresponsáveis e absurdos entre o crime organizado, que cresceu no governo deles aqui em São Paulo, e o nosso glorioso PT". Berzoini acusou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, de ser "absolutamente irresponsável e de não ter condições de responder por suas ações".
Mercadante também discursou e fez críticas à gestão tucana. Disse que faltam comando e autoridade no Estado e prometeu, como Lula, eleger a educação a prioridade de seu programa de governo.

Classe média
Lula repetiu a tônica dos discursos que tem feito desde a convenção do PT. Afirmou que, sob seu governo, 7 milhões de pessoas passaram a fazer parte da classe média e 3 milhões saíram da linha de pobreza.
O presidente repetiu também que a prioridade de seu governo continuará a ser crescimento com estabilidade. "Para nós, política econômica e política social são face da mesma moeda. O crescimento só interessa quando o superávit econômico se transforma em superávit social", afirmou.


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