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ELEIÇÕES 2006 / CRISE NA SEGURANÇA
Lula diz que "até leviandade" tem limite
No lançamento de sua campanha no ABC, presidente reage às declarações de adversários e os acusa de fazer jogo "rasteiro'
Petista cita números
favoráveis ao seu governo e
reage a Serra, afirmando
que fará todo o esforço para
eleger Mercadante em SP
MALU DELGADO
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma dura resposta a seus
principais adversários políticos, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva os acusou, ontem,
de fazer um jogo eleitoral "rasteiro" e afirmou que há limite
para a leviandade. Lula reagiu,
no lançamento oficial de sua
candidatura em São Bernardo
do Campo, às declarações de
Jorge Bornhausen (PFL-SC) e
José Serra (PSDB), que insinuaram haver ligações entre o
PT e o crime organizado.
"É no mínimo questão de insanidade tentar vincular o PT
ao crime organizado. Por favor,
leviandade também tem limite.
O jogo político existe. E que o
jogo não seja tão rasteiro", afirmou Lula, em discurso de 45
minutos na abertura de jantar
no restaurante São Judas Tadeu, onde os fundadores do PT
fizeram as primeiras reuniões
partidárias e elaboraram o manifesto de criação do partido.
Numa clara ofensiva aos tucanos, que governaram São
Paulo por 12 anos, Lula prometeu não medir esforços para
que o senador Aloizio Mercadante (PT) vença a eleição ao
governo de São Paulo. "Vou dar
à sua eleição em São Paulo a
mesma importância que darei à
minha reeleição. Esteja certo
de que você está no meu coração e no do José Alencar. Estou
quase convencendo o Alencar a
transferir o voto para cá, para
fazermos de você governador."
O presidente disse que Mercadante não deve se preocupar
com pesquisas. "Eu estou muito na frente, mas pesquisa não é
motivo de preocupação", afirmou. Para Lula, a vitória na
Presidência e em São Paulo
"vão consagrar o sonho" de
criar um país mais justo. "Porque nós queremos que o povo
possa comer filet mignon, picanha, muitas vezes ao ano."
Lula antecipou que hoje haverá uma reunião dos dirigentes da Polícia Federal e do Ministério da Justiça com a equipe do governador de São Paulo,
Cláudio Lembo (PFL). "Não é
hora de mesquinharia, de alguém querer ficar incriminando alguém. A hora é de seriedade, de dizer ao povo de São Paulo que o município, o Estado, a
União, os sindicatos, a imprensa, a sociedade livre, honesta e
trabalhadora têm que ter supremacia e a disposição política
de vencer os que se encaminharam para a criminalidade."
Ele voltou a elogiar a conduta
de Lembo, afirmando que tem
sido parceiro do governo federal. Lula disse que o limite de
atuação da União é oferecer ao
Estado a Força Nacional de Segurança Pública.
A crise em São Paulo foi o foco central das atenções do PT
no jantar de ontem. O presidente da sigla, Ricardo Berzoini, fez uma manifestação pública de repúdio às declarações de
Bornhausen e Serra.
Segundo Berzoini, o PT tem
evitado trazer esse tema para a
campanha. Porém, disse ele,
"pessoas do PFL e do PSDB" fizeram afirmações sobre "vínculos imaginários, irresponsáveis e absurdos entre o crime
organizado, que cresceu no governo deles aqui em São Paulo,
e o nosso glorioso PT". Berzoini
acusou o secretário da Segurança Pública de São Paulo,
Saulo de Castro Abreu Filho, de
ser "absolutamente irresponsável e de não ter condições de
responder por suas ações".
Mercadante também discursou e fez críticas à gestão tucana. Disse que faltam comando e
autoridade no Estado e prometeu, como Lula, eleger a educação a prioridade de seu programa de governo.
Classe média
Lula repetiu a tônica dos discursos que tem feito desde a
convenção do PT. Afirmou que,
sob seu governo, 7 milhões de
pessoas passaram a fazer parte
da classe média e 3 milhões saíram da linha de pobreza.
O presidente repetiu também que a prioridade de seu governo continuará a ser crescimento com estabilidade. "Para
nós, política econômica e política social são face da mesma
moeda. O crescimento só interessa quando o superávit econômico se transforma em superávit social", afirmou.
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