São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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NO AR

Jogo de cena

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Fernando Henrique, que em Brasília dizem ser um sedutor de políticos, vai levar conversa com Lula, Ciro Gomes, José Serra e Garotinho, todos quase de uma vez.
Convidou, eles relutaram, mas aceitaram -e lá estava o sedutor, ontem, cobrando deles, no morde-e-assopra. Intimou, no Jornal Nacional e nos demais telejornais, canais e rádios de notícias:
- Os candidatos têm as suas responsabilidades. Gostaria de vê-los assumindo -alguns já o fizeram- as responsabilidades perante o país.
Pedro Malan, que deve estar na reunião ao lado de Armínio Fraga e Pedro Parente, também cobrou:
- É preciso que eles mostrem claramente o seu compromisso com o país.
Os candidatos se esforçaram por representar alguma reação. Lula, como quase sempre, pediu um dia para responder. Depois falou que aceitava, mas só com "pauta concreta".
O petista José Dirceu apareceu para ajudar. Disse que Lula vai, mas não quer tomar parte em "jogo de cena".
Estão todos no jogo de cena. FHC, acuado pela crise cambial, quer fazer cena para "acalmar o mercado", na expressão gasta pelos telejornais.
E conversar não só com os candidatos, mas também com Míriam Leitão.
Os candidatos de oposição, de seu lado, encenam resistência não para o mercado, mas para seus eleitores.
Além de Lula, também Ciro levanta empecilhos aqui e ali. Segundo a Globo, os candidatos nem puderam fechar a reunião com o presidente da República para esta semana:
- Alegam problemas de agenda.
Ciro chegou a reclamar, algo comicamente, que ele ainda não tinha o convite oficial.
Garotinho aceitou a conversa, como todos, mas foi mais direto quanto ao seu esforço de não aparentar apoio:
- Eu não quero passar que estou em concordância com uma situação que eu sei que vai estourar.
Fernando Henrique precisa de muita conversa, mais do que em oito anos, para seduzir tantos homens.
 
Para Franklin Martins:
- As conversas podem ser boas para ajudar o governo a enfrentar uma transição muito delicada. Mas é evidente que não ajudam ao candidato do governo. Serra perde o discurso de que é o único preparado para pilotar o país em crise.
Serra, no JN, nem tinha o que dizer sobre as conversas. Falou que apóia. De novo.



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