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GOVERNADORES
Mesmo rejeitado,
Collor afirma que
Ciro é "esforçado"
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Aos 52 anos, completados anteontem, o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB) ganhou a cena nacional há uma semana ao declarar que vota em Ciro Gomes (PPS) para presidente.
O apoio foi rejeitado. Mas o ex-presidente segue dizendo que Ciro é o melhor.
Collor afirma também que o
presidente Fernando Henrique
Cardoso e outros tucanos queriam participar de seu governo.
"Ele [FHC] estava absolutamente
excitado com a idéia de ser ministro das Relações Exteriores." Segundo a assessoria do presidente,
nada do que Collor declarou sobre o assunto corresponde à verdade. O ex-presidente falou à Folha na semana passada.
Folha - Seu apoio a Ciro Gomes foi
rejeitado pelo candidato. Até o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ),
que é seu amigo, diz que o sr. quer
pegar carona. O senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), seu ex-ministro,
falou que o sr. quer aparecer.
Collor - É, tudo bem. O Jorge é
uma pessoa que eu estimo. Mas
ele está inteiramente equivocado:
se há uma pessoa que não pega
carona sou eu. Outras pessoas é
que pegam carona em mim. Estou num projeto político, em Alagoas, de oposição. Naturalmente,
temos um candidato à Presidência. Por exclusão, fui para o Ciro, o
candidato da nossa coligação.
Folha - Mas a sua coligação tem
tucanos também.
Collor - Demais, demais. E eu fico muito honrado com o apoio
das bases tucanas. São prefeitos
que pautam a sua conduta dentro
dos mais rígidos parâmetros éticos. Mas o Serra foi para Petrolina
(PE), pediu para abrir uma fruta
exótica e, estupefato, constatou
que era uma melancia. Há uma
absoluta incompatibilidade entre
o Serra e o povo mais sofrido.
Folha - Por que o Ciro é um bom
candidato?
Collor - Ele tem experiência administrativa e um conhecimento
mais apurado da nossa realidade,
do nosso chão. É esforçado e operoso. Tem procurado se aperfeiçoar, fez cursos no exterior.
Folha - O que há de semelhante
entre o sr. e o Ciro?
Collor - Os pontos mais notórios
são o fato de sermos do Nordeste
e de termos uma trajetória semelhante. Aí procuram fazer essa
comparação. Agora, não existem
pessoas com o mesmo DNA. E eu
nunca disse que ele cresceu por
causa dessa comparação. Mas, no
mínimo, não foi prejudicado.
Folha - Todo político tem caixa
dois na campanha, como afirmou a
ex-governadora Roseana Sarney?
Collor - É muita hipocrisia falar
em caixa dois. O candidato raramente participa da gestão do caixa. Você chega no comício e discursa. Não é você que monta o palanque, ajusta o som, faz a luz. Nas
finanças, acontece o mesmo.
Folha - Entre o Lula e o Serra, no
segundo turno, o sr. votaria em
quem?
Collor -Vai dar Ciro e Lula.
Folha - E se der Lula e Serra?
Collor - (ri) Vamos aguardar.
Folha - O sr. conviveu com o Serra
quando era presidente?
Collor - Foi um diálogo apenas
de ter feito a ele o convite, em
duas oportunidades, para ser o
meu ministro da Fazenda. E ele
não pôde, em função dessa história, já pisada e repisada, de que o
[Mário] Covas se colocou contra.
Folha - Mas ele queria?
Collor - Ele, o [presidente" Fernando Henrique [Cardoso], todos estavam desejosos de fazer essa aliança. O Fernando Henrique
ultrapassava a fronteira do desejo.
Ele estava absolutamente excitado com a idéia de ser ministro das
Relações Exteriores.
Folha - E o Serra?
Collor - O Serra, não. Contido,
muito contido, sem dar azo a
qualquer tipo de emoção.
Folha - Havia algum outro tipo de
interlocução política com tucanos?
Collor - O [ministro da Justiça]
Bernardo Cabral me trouxe, no
começo do governo, a solicitação
do Fernando Henrique e do Covas para que eles mantivessem os
espaços que tinham no governo
Sarney. Isso atendido, eles fariam
uma oposição mais combinada
com o governo. Foi feito esse pedido com muita ênfase ao Cabral.
Folha - O Serra tinha espaço também que queria manter?
Collor - Não, não.
Folha - Depois de governar Alagoas, o sr. vai se candidatar à Presidência?
Collor - Minha preocupação é a
de me eleger e fazer um governo
que envaideça os alagoanos.
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