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Líderes acertam prazos da tributária
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), os líderes governistas acertaram um cronograma
para a tramitação da reforma tributária, mas deixaram em aberto
vários temas relativos ao relatório
de Virgílio Guimarães (PT-MG).
Não é por acaso. Hoje, para o
governo, os prazos da reforma
são mais importantes que o conteúdo: é preciso fazer o projeto
chegar ao Senado a tempo de
aprovar a prorrogação da CPMF e
da DRU (Desvinculação de Receitas da União, que permite ao governo gastar livremente 20% das
receitas dos tributos).
Foi definido que o relatório de
Guimarães, a ser apresentado na
próxima segunda, será votado na
quinta-feira da próxima semana
pela comissão da Câmara encarregada de analisar a reforma.
Da comissão, o projeto segue
para dois turnos de votação pela
Câmara, o que deverá acontecer,
pelos cálculos divulgados pelos
governistas, até 15 de setembro.
A pretensão dos governistas é
convencer a Câmara a não se estender nos debates em torno da
tributária, com o argumento de
que o Senado assumirá essa tarefa
por ser uma Casa mais ligada aos
assuntos federativos. Em contrapartida, os senadores aprovariam
sem modificações a previdenciária elaborada pelos deputados.
No Senado, espera-se uma discussão complexa e demorada das
propostas, que certamente incluirá a distribuição das receitas do
ICMS entre os Estados e -o que
mais teme o governo- a repartição das receitas da CPMF.
Uma saída discutida na reunião,
da qual também participaram os
ministros Antonio Palocci Filho
(Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil), é obter dos senadores a aprovação da CPMF e da DRU, enquanto o resto da reforma continuaria em tramitação.
No entanto, as dificuldades para
pôr toda essa estratégia em prática começam pela comissão da Câmara, onde há várias pressões regionais e empresariais pela mudança do texto da reforma.
Fatiar a reforma
O governador de Minas Gerais,
Aécio Neves (PSDB), discorda da
tese que alguns líderes do governo
já defendem sobre o fatiamento
da reforma tributária a fim de facilitar sua tramitação, principalmente no Senado. Segundo Aécio, isso poderá repetir a gestão
FHC, quando o governo aprovou
as matérias do seu interesse, como a CPMF, e depois abandonou
a reforma tributária. "Não acho
boa essa proposta", disse ele.
(GUSTAVO PATÚ)
Colaborou a Agência Folha
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