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PLEBISCITO
5,16% do eleitorado participou da consulta sobre o pagamento da dívida externa brasileira
90% dos votantes pedem auditoria da dívida
CAROLINA VILA NOVA
FREE LANCE PARA A FOLHA
Mais de cinco milhões de brasileiros em todo o país -o equivalente a 5,16% do eleitorado brasileiro com base nos dados de
1998- compareceram às urnas
para votar no plebiscito sobre a
dívida externa organizado pela
CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil) e cerca de 20 entidades da sociedade civil.
Cerca de 90% dos votantes optaram pelo não pagamento da dívida externa sem realização prévia de auditoria pública, pela não
manutenção do acordo firmado
pelo governo brasileiro com o
FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo não comprometimento do Orçamento com o pagamento da dívida interna.
O resultado parcial do plebiscito
foi considerado um "sucesso absoluto" pelos organizadores. Ao
todo, votaram 5.476.115 brasileiros em mais de 3.000 municípios.
Segundo a CNBB, falta ser contabilizado cerca de 6% dos votos.
A votação no plebiscito não era
obrigatória. Até agora, o Estado
com maior comparecimento foi o
Espírito Santo, com 17,4% do eleitorado (335.016 pessoas). Em seguida vem Roraima (14,7%) e
Santa Catarina (11,22%). Em São
Paulo, votaram 1.049.047 pessoas,
o equivalente a 4,5% do número
de eleitores.
"Não é todo dia que se tem uma
vitória", comemorou o deputado
José Dirceu (SP), presidente nacional do PT. Para ele, o plebiscito
foi "um dos momentos mais importantes da nossa história".
"O resultado mostra uma vontade popular enorme de participar. Quando se abre um canal, o
povo participa. Os destinos do
país não são monopólio de uma
dúzia de tecnocratas", disse o padre Alfredo José Gonçalves, assessor do Setor Pastoral Social da
CNBB.
O resultado final do plebiscito
deve ser divulgado em até três
dias. A contagem dos votos está
sendo feita manualmente.
Projetos
Na avaliação da oposição, o resultado do plebiscito servirá como instrumento de pressão para a
aprovação de projeto de realização de um plebiscito nacional oficial sobre a dívida externa.
Proposta nesse sentido foi apresentada ontem na Câmara por José Dirceu. O projeto de decreto legislativo propõe a realização de
um referendo popular oficial sobre os acordos do governo brasileiro com o FMI e sobre a realização de auditorias para a dívida externa brasileira.
O projeto de Dirceu tramita
normalmente nas comissões da
Câmara e depois vai para o Senado. Contava, até a tarde de ontem,
com 175 assinaturas e poderia
chegar, segundo Dirceu, a 190. Se
for aprovado, ele não poderá ser
vetado pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Outra proposta que, segundo a
oposição, pode ser impulsionada
pelo resultado do plebiscito é a
que prevê que o governo brasileiro perdoe as dívidas de nações
menos desenvolvidas. O projeto,
de iniciativa popular, foi apresentado ontem pela senadora Heloísa
Helena (PT-AL).
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