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ATRASO SOCIAL
Norte e Nordeste sofrem com falhas no pagamento do Bolsa-Alimentação; verba retida soma R$ 3,8 mi mensais
CEF demora até 3 meses para pagar bolsa
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pagamento do programa Bolsa-Alimentação para cerca de
30% das famílias da região Norte e
para 15% dos beneficiados do
Nordeste sofre atrasos de até três
meses. O volume de recursos retidos em razão do atraso, só no caso
desse programa, chega a R$ 3,8
milhões mensais de um total de
R$ 22,5 milhões que o governo repassa a cada 30 dias para pagar as
famílias dessas duas regiões, que
são as mais pobres do país.
O volume de recursos retidos
mensalmente em razão do atraso
já foi maior. Chegou a R$ 16 milhões, até fevereiro deste ano. Este
valor inclui os repasses de outros
dois programas: o Bolsa-Escola e
do Bolsa-Alimentação.
Quando o dinheiro não é repassado fica em uma conta remunerada. Os resultados da aplicação
financeira não são repassados às
famílias que deixaram de receber
a bolsa no prazo. O lucro volta para o Tesouro. Os atrasos e a aplicação do dinheiro (quando o volume retido era R$ 16 milhões) já
renderam (entre setembro de
2001 e fevereiro de 2003) pelo menos R$ 300 mil ao governo.
O Bolsa-Alimentação paga de
R$ 15 a R$ 45 a famílias com renda
per capita inferior a meio salário
mínimo. Os beneficiários têm que
ter filhos menores de seis anos.
Grávidas com risco nutricional e
mulheres que amamentam também recebem o benefício.
Na semana passada, o ministro
José Graziano (Segurança Alimentar) disse que leva em média
três meses entre a instalação de
um comitê gestor que fiscaliza o
Fome Zero nos municípios e o
momento em que a família recebe
pela primeira vez os R$ 50 mensais repassados pelo programa.
Para Graziano, parte da lentidão
deve-se à burocracia bancária.
Uma técnica do Bolsa-Alimentação afirmou que parte dessa
morosidade deve-se à falta de agilidade do sistema de informação
que gerencia o Cadastro Único
(lista de todos os beneficiários).
A Caixa Econômica Federal,
responsável por repassar o dinheiro, nega que haja atraso no
pagamento dos programas. A assessoria informou que houve problemas pontuais no passado, mas
que eles já foram solucionados.
Apesar do que diz a CEF, coordenadores do Bolsa-Alimentação
afirmaram que os atrasos são um
problema "crônico" que já vem
desde a criação do programa, em
setembro de 2001. Até hoje o Ministério da Saúde recebe cerca de
800 cartas por mês de gestores
municipais reclamando do atraso
nos repasses. O problema já foi
mais grave, dizem os técnicos.
Já a assessoria do Bolsa-Escola
informou que a nova gestão da
Caixa está preocupada em resolver a questão. Informou que a
maior parte dos atrasos ocorreu
no governo passado e que nessa
administração o número de denúncias por atraso despencou.
Por determinação do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a Caixa
está passando por um processo de
transformação. A idéia do Planalto é que o banco tenha, além das
carteiras lucrativas, uma atuação
voltada para a área social, caso do
pagamento dos programas de
transferência de renda.
Uma das ações foi a contratação
dos serviços, por meio do Pnud
(Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento), da
cientista política Ana Fonseca, a
mesma que assumirá a coordenação dos programas de transferência de renda. Seu trabalho foi
apontar problemas na gestão dos
programas. Um dos diagnósticos
é que o pagamento às famílias pobres não pode atrasar sob pena de
comprometer a eficácia dos programas de transferência de renda.
O Planalto espera que a transferência de renda (que se transformou numa "renda mínima nacional") seja a principal realização do
governo no combate à pobreza.
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