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Igreja orçou reconstrução das imagens em R$ 24 mil, mas seu saldo de caixa em agosto era de R$ 41,89
Padre não descarta ação de fazendeiros
DO ENVIADO ESPECIAL A MONTE SANTO
A hipótese de que as imagens de
Monte Santo poderiam ter sido
destruídas a mando de fazendeiros não pode ser descartada, para
o padre Claudio Cobalchini.
Antes do atentado, duas fazendas do município tiveram suas
cercas derrubadas e as sedes incendiadas (agora são quatro as
atacadas). Os camponeses acusam os fazendeiros de grilar suas
terras e cercar pastos coletivos
usados para criar bode.
O padre diz que os fazendeiros
mandaram recados à igreja para
tentar conter as invasões e as pregações de justiça social da Comissão Pastoral da Terra: "Essa é uma
pastoral da igreja do Brasil e não
podemos abandoná-la".
O promotor Marcelo Cerqueira
César, 34, que conduz as investigações sobre o ataque, não descarta nenhuma hipótese, mas diz
preferir acreditar em vandalismo:
"Os jovens usam a Via Crúcis para fumar maconha. Acho que alguém destruiu as imagens impulsionado pelo uso de drogas".
Ele mesmo reconhece que a
possibilidade de se chegar ao culpado tende a zero: a cidade não
tem delegado e um único policial
civil. A Polícia Federal diz que investigará o atentado, mas nenhum agente foi visto na cidade.
A igreja orçou a reconstrução
do corpo das imagens em R$ 24
mil, mas o saldo de seu caixa em
agosto era de R$ 41,89.
Acácia Rios, 30, que faz mestrado na UniRio (Universidade do
Rio de Janeiro) sobre a memória
social de Conselheiro nas lutas
camponesas, acha que a perda das
imagens gerará um sentimento de
orfandade. "O sertanejo precisa
da imagem para tocar, para sentir
o sagrado. Sem elas, a tradição se
romperá e há o risco de perda da
noção do sagrado."
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