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Para PT, oposição quer assumir Câmara
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de idas e vindas e de várias reuniões para discutir o que
fazer em relação a Severino Cavalcanti (PP-PE), o PT, principal
partido da base governista, decidiu assumir o desgaste de não
apoiar a abertura de processo
contra o presidente da Casa.
Dois foram os principais motivos: o Palácio do Planalto acredita
que a mobilização da oposição
para derrubar Severino tem como
objetivo primeiro a tentativa de
assumir o controle na Câmara. Isso porque um afastamento provisório de Severino levaria o pefelista José Thomaz Nonô (AL) a assumir o comando da Casa.
A outra razão é a intenção de
não se indispor nem com Severino -que pode conseguir se manter presidente- nem com seus
aliados no baixo clero (parlamentares com pouca expressão política) da Casa, que somam importantes votos na eventualidade de
haver nova eleição na Câmara.
Em reunião ocorrida na noite
de anteontem na casa do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT-SP) -candidato do Planalto
derrotado por Severino na eleição-, o coordenador político do
governo, ministro Jaques Wagner, e o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP),
chegaram à conclusão de que o
melhor era ter cautela. Esteve no
encontro o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).
A ordem foi que o PT só acompanhasse o pedido de abertura de
processo de cassação caso aparecesse a chamada "prova inconteste", ou seja, o cheque que provaria
que Severino recebera propina do
empresário Sebastião Buani.
Para tentar diluir a impressão
de que estariam em cima do muro, governistas decidiram enviar
uma representação pedindo investigação à Corregedoria da Câmara. A medida foi inócua porque a corregedoria já analisa o caso, a pedido do próprio Severino.
"Essa atitude combina com a
história de um partido que defende a investigação e defende o respeito às instituições. Não pode
haver processo de cassação sumária", disse Fontana.
Tarso
O presidente do PT, Tarso Genro, disse que o partido não deve
"ficar a reboque" da oposição sobre a possibilidade de afastamento do presidente da Câmara.
O PT, segundo Tarso, quer que
seja feita uma investigação "profunda" das acusações contra Severino. "Severino é o presidente
do PFL e do PSDB, foi indicado
por eles. O PT tem que preservar a
investigação profunda, radical, e a
punição. Agora, o método jurídico para isso o partido deve escolher livremente, e não ficar a reboque do PFL e do PSDB", afirmou
ontem no Rio, após reunião com
petistas na sede da CUT (Central
Única dos Trabalhadores).
Na hipótese de Severino ser cassado, Tarso afirmou que gostaria
de ver um presidente petista na
Câmara, mas que a primeira
preocupação deve ser a de preservar a instituição para que não haja
outras crises como a atual. "Gostaríamos que se cumprisse uma
norma histórica, que foi violada
com a eleição do Severino pelo
PFL e pelo PSDB. Mas, seja quem
for o presidente, ele tem que ser
do mais alto reconhecimento por
todos os partidos."
Tarso voltou a defender a refundação do PT. Ele esteve ontem no
Rio para discutir o apoio ao candidato à presidência do PT pelo
Campo Majoritário, Ricardo Berzoini. As eleições acontecem no
próximo domingo.
(RANIER BRAGON E LUCIANA BRAFMAN)
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