São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DO "MENSALINHO"

Depois de receber cópia do documento e passar horas desaparecido, empresário marca entrevista coletiva e diz que mostrará provas

Buani promete apresentar cheque hoje

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mais de duas horas depois de receber cópias de cheques do banco no qual tem conta, o empresário Sebastião Buani anunciou para hoje a apresentação do documento com o qual pretende provar pagamento de propina ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Assim que recebeu as cópias, Buani desapareceu.
Segundo o advogado Sebastião Coelho da Silva, Buani disse ontem à noite que o cheque que procurava estava em suas mãos. "Ele está seguro de que o cheque é a prova da verdade", disse Coelho da Silva. Segundo ele, Buani dará entrevista coletiva hoje.
O advogado não disse se na cópia aparece a assinatura de um dos motoristas de Severino. O funcionário teria ido ao banco sacar o dinheiro correspondente a uma parcela do suposto "mensalinho" pago em 2003 por Buani.
Antes de mandar marcar para hoje a apresentação do documento, Buani passou algumas horas desaparecido em Brasília. O mistério foi alimentado por sua mulher e pelo advogado. Por volta das 17h, Coelho da Silva chegou a acionar a Polícia Federal para tentar localizar seu cliente. "Ele sumiu. Estou preocupado com a integridade física dele", afirmara.
Minutos depois, Buani fez o primeiro contato por telefone com a mulher. "Ele estava confuso, pensando, queria um momento só para ele", disse Diana.
Já passava das 19h quando Buani fez um segundo contato com a mulher. Desta vez, para dizer que estava na casa de um amigo.
Meia hora depois, o advogado tentava explicar o sumiço: "Ele quis se recolher porque tem consciência de sua grande responsabilidade, foi para a beira do lago meditar um pouco, falar com Deus".
Anteontem, Buani apresentou registro de um saque em dinheiro de R$ 40 mil na mesma data do documento supostamente assinado por Severino prorrogando a licença de exploração de um restaurante da Câmara até 2005. Segundo o empresário, a cópia do extrato era um "indício" de que falava a verdade.

Restaurante
O Fiorella, restaurante de Buani no 10º andar da Câmara, foi fechado e reaberto ontem em um intervalo de menos de três horas, por ordem da direção da Casa.
O contrato com o restaurante foi rescindido na semana passada pela Câmara por inadimplência, mas Buani recorreu da decisão às 18h de segunda-feira.
A diretoria de Material e Patrimônio da Câmara, no entanto, não sabia do recurso quando mandou fechar o estabelecimento, pela manhã.
Alertada pelo advogado de Buani de que o recurso havia sido protocolado, o que tem efeito suspensivo sobre o fechamento, a direção da Casa autorizou a reabertura do restaurante às 11h50.
O contrato vence às 18h de hoje. Buani deve R$ 131 mil em aluguéis atrasados, segundo a Câmara. Para manter o restaurante funcionando, o empresário diz estar estudando duas alternativas: pagar a dívida para poder se credenciar a uma prorrogação de um ano no contrato ou entrar na Justiça com pedido de liminar.
Buani alega que o restaurante fez um seguro para cobrir inadimplência até o valor de R$ 290 mil, que a Câmara poderia usar. "Foi uma tremenda aberração fechar o restaurante antes de o processo todo ser encerrado", disse o empresário.


Texto Anterior: Para PT, oposição quer assumir Câmara
Próximo Texto: Entrega de representação contra Severino vira espetáculo para mídia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.