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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DO "MENSALINHO"
Depois de receber cópia do documento e passar horas desaparecido, empresário marca entrevista coletiva e diz que mostrará provas
Buani promete apresentar cheque hoje
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mais de duas horas depois de receber cópias de cheques do banco
no qual tem conta, o empresário
Sebastião Buani anunciou para
hoje a apresentação do documento com o qual pretende provar pagamento de propina ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Assim que recebeu as
cópias, Buani desapareceu.
Segundo o advogado Sebastião
Coelho da Silva, Buani disse ontem à noite que o cheque que procurava estava em suas mãos. "Ele
está seguro de que o cheque é a
prova da verdade", disse Coelho
da Silva. Segundo ele, Buani dará
entrevista coletiva hoje.
O advogado não disse se na cópia aparece a assinatura de um
dos motoristas de Severino. O
funcionário teria ido ao banco sacar o dinheiro correspondente a
uma parcela do suposto "mensalinho" pago em 2003 por Buani.
Antes de mandar marcar para
hoje a apresentação do documento, Buani passou algumas horas
desaparecido em Brasília. O mistério foi alimentado por sua mulher e pelo advogado. Por volta
das 17h, Coelho da Silva chegou a
acionar a Polícia Federal para tentar localizar seu cliente. "Ele sumiu. Estou preocupado com a integridade física dele", afirmara.
Minutos depois, Buani fez o primeiro contato por telefone com a
mulher. "Ele estava confuso, pensando, queria um momento só
para ele", disse Diana.
Já passava das 19h quando Buani fez um segundo contato com a
mulher. Desta vez, para dizer que
estava na casa de um amigo.
Meia hora depois, o advogado
tentava explicar o sumiço: "Ele
quis se recolher porque tem consciência de sua grande responsabilidade, foi para a beira do lago meditar um pouco, falar com Deus".
Anteontem, Buani apresentou
registro de um saque em dinheiro
de R$ 40 mil na mesma data do
documento supostamente assinado por Severino prorrogando a licença de exploração de um restaurante da Câmara até 2005. Segundo o empresário, a cópia do
extrato era um "indício" de que
falava a verdade.
Restaurante
O Fiorella, restaurante de Buani
no 10º andar da Câmara, foi fechado e reaberto ontem em um
intervalo de menos de três horas,
por ordem da direção da Casa.
O contrato com o restaurante
foi rescindido na semana passada
pela Câmara por inadimplência,
mas Buani recorreu da decisão às
18h de segunda-feira.
A diretoria de Material e Patrimônio da Câmara, no entanto,
não sabia do recurso quando
mandou fechar o estabelecimento, pela manhã.
Alertada pelo advogado de Buani de que o recurso havia sido
protocolado, o que tem efeito suspensivo sobre o fechamento, a direção da Casa autorizou a reabertura do restaurante às 11h50.
O contrato vence às 18h de hoje.
Buani deve R$ 131 mil em aluguéis
atrasados, segundo a Câmara. Para manter o restaurante funcionando, o empresário diz estar estudando duas alternativas: pagar
a dívida para poder se credenciar
a uma prorrogação de um ano no
contrato ou entrar na Justiça com
pedido de liminar.
Buani alega que o restaurante
fez um seguro para cobrir inadimplência até o valor de R$ 290
mil, que a Câmara poderia usar.
"Foi uma tremenda aberração fechar o restaurante antes de o processo todo ser encerrado", disse o
empresário.
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