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Ex-ministros e líder do governo na Câmara tentam inocentar Dirceu
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Em depoimento ao Conselho de
Ética da Câmara, na condição de
testemunhas arroladas pelo ex-ministro José Dirceu, os deputados Aldo Rebelo (PC do B-SP),
Eduardo Campos (PSB-PE) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) tentaram
inocentar Dirceu de envolvimento no escândalo do "mensalão".
Eles foram os primeiros ouvidos no processo -de autoria do
PTB- que pede a cassação do
mandato de Dirceu por quebra do
decoro parlamentar. Hoje, o conselho ouvirá o escritor Fernando
Morais, também testemunha do
ex-ministro. Os depoimentos de
Aldo e Campos, ambos ex-ministros de Lula, e Chinaglia, líder do
governo na Casa, foram semelhantes. Disseram não haver elementos para vincular Dirceu ao
suposto "mensalão" e afirmaram
não acreditar no repasse de recursos para deputados em troca de
apoio para votar projetos. Todos
argumentaram ter presenciado
negociações para votar projetos, o
que, segundo eles, não teria ocorrido se houvesse "mensalão".
Em defesa do ex-chefe da Casa
Civil, Aldo relatou divergências
com ele no governo, mas rechaçou quando questionado sobre os
"superpoderes" de Dirceu. "Acho
que hoje ele [Dirceu] paga muito
mais pelas virtudes do que pelos
defeitos [...] Sempre achei que,
quando a oposição atirasse contra
o governo, o alvo seria o José Dirceu, por sua história, pelo que representa no imaginário", disse.
Para o relator do processo, Julio
Delgado (PSB-MG), houve contradição entre o depoimento de
Aldo e a fala de Dirceu. Ontem,
Aldo relatou ter convencido Dirceu a participar de reunião na casa de Roberto Jefferson (PTB-RJ),
autor das denúncias do "mensalão", onde se discutiu possível retirada da assinatura do petebista
do pedido de abertura da CPI dos
Correios. Conforme Delgado,
Dirceu afirmara ter sido convidado para a reunião por Walfrido
Mares Guia (Turismo) e pelo líder
do PTB, José Múcio (PE). "É uma
divergência, mas não significa
que é fundamental", disse.
Campos negou "ter amizade
particular" com Dirceu e ter convivido com ele em partidos, mas
enfatizou que "jamais presenciou
ato do ministro que o desabonasse e este Conselho está desafiado a
provar justamente o contrário".
Chinaglia disse acreditar que
Dirceu "não tem responsabilidade naquilo que ficou conhecido
como empréstimos ou "valerioduto'". O advogado de Dirceu José Luis Oliveira Lima acha que os
depoimentos "contribuíram muito" para inocentar o ex-ministro.
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