|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CPI DOS CORREIOS
Valério facilitava contatos, diz Rural
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Kátia Rabelo, presidente do
Banco Rural, disse ontem na CPI
dos Correios que o publicitário
Marcos Valério de Souza era um
"facilitador" de contatos da instituição com terceiros.
"O senhor Marcos Valério foi
um facilitador da interlocução do
Banco Rural com várias pessoas",
disse ela a deputados e senadores
que integram a CPI.
Ela confirmou que esteve pessoalmente com o ex-ministro José
Dirceu (Casa Civil) no hotel Ourominas, em Belo Horizonte, mas
negou que tenha tratado com ele
de empréstimos tomados por Valério no banco e repassados ao PT.
Dirceu tem afirmado que não
tomou conhecimento dos empréstimos, ao contrário do que
afirma Valério.
Rabelo disse que conversou
com Dirceu sobre planos de concluir a liquidação extrajudicial do
Banco Mercantil de Pernambuco,
comprado pelo Rural em 95. No
mês passado, a revista "Veja" publicou reportagem segundo a qual
Valério estaria chantageando o
governo para que pressionasse o
Banco Central a suspender a liquidação do Mercantil, o que beneficiaria o Rural. Em troca, segundo a revista, Valério receberia
comissão de R$ 200 milhões.
"Uma das pessoas com as quais
tratamos desse assunto foi o ministro", disse Rabelo. Ela afirmou
que não "negociou" com Dirceu,
mas que apenas o "posicionou"
sobre o que estava acontecendo.
O Rural concedeu um empréstimo de R$ 42 mil à ex-mulher de
Dirceu Maria Ângela Saragoça,
para a compra de um apartamento em São Paulo. Rabelo disse que
operação de crédito imobiliário
"não faz parte do nicho do banco", mas afirmou acreditar tratar-se de uma operação normal. Disse
que talvez o financiamento tenha
sido liberado a pedido de José Augusto Dumont, ex-dirigente do
banco, morto em 2004.
Acompanhada de executivos e
advogados do banco, Rabelo foi
questionada pelos parlamentares
sobre as razões técnicas para o
Rural emprestar dinheiro ao PT
sem exigir como contrapartida
garantias reais. Para um dos empréstimos, no valor de R$ 3 milhões, a única segurança do banco
era a assinatura de Valério como
avalista solidário da operação.
A vice-presidente do banco
Ayanna Torres disse que o relacionamento de Valério com a instituição era sólido e que suas empresas tinham plenas condições
de honrar o empréstimo em caso
de inadimplência do PT.
(LEONARDO SOUZA)
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/O acusador: Deputados devem cassar hoje mandato de Jefferson Próximo Texto: Assurê perde contrato de resseguros com estatais Índice
|