São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2005

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CPI DOS CORREIOS

Valério facilitava contatos, diz Rural

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Kátia Rabelo, presidente do Banco Rural, disse ontem na CPI dos Correios que o publicitário Marcos Valério de Souza era um "facilitador" de contatos da instituição com terceiros.
"O senhor Marcos Valério foi um facilitador da interlocução do Banco Rural com várias pessoas", disse ela a deputados e senadores que integram a CPI.
Ela confirmou que esteve pessoalmente com o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) no hotel Ourominas, em Belo Horizonte, mas negou que tenha tratado com ele de empréstimos tomados por Valério no banco e repassados ao PT.
Dirceu tem afirmado que não tomou conhecimento dos empréstimos, ao contrário do que afirma Valério.
Rabelo disse que conversou com Dirceu sobre planos de concluir a liquidação extrajudicial do Banco Mercantil de Pernambuco, comprado pelo Rural em 95. No mês passado, a revista "Veja" publicou reportagem segundo a qual Valério estaria chantageando o governo para que pressionasse o Banco Central a suspender a liquidação do Mercantil, o que beneficiaria o Rural. Em troca, segundo a revista, Valério receberia comissão de R$ 200 milhões.
"Uma das pessoas com as quais tratamos desse assunto foi o ministro", disse Rabelo. Ela afirmou que não "negociou" com Dirceu, mas que apenas o "posicionou" sobre o que estava acontecendo.
O Rural concedeu um empréstimo de R$ 42 mil à ex-mulher de Dirceu Maria Ângela Saragoça, para a compra de um apartamento em São Paulo. Rabelo disse que operação de crédito imobiliário "não faz parte do nicho do banco", mas afirmou acreditar tratar-se de uma operação normal. Disse que talvez o financiamento tenha sido liberado a pedido de José Augusto Dumont, ex-dirigente do banco, morto em 2004.
Acompanhada de executivos e advogados do banco, Rabelo foi questionada pelos parlamentares sobre as razões técnicas para o Rural emprestar dinheiro ao PT sem exigir como contrapartida garantias reais. Para um dos empréstimos, no valor de R$ 3 milhões, a única segurança do banco era a assinatura de Valério como avalista solidário da operação.
A vice-presidente do banco Ayanna Torres disse que o relacionamento de Valério com a instituição era sólido e que suas empresas tinham plenas condições de honrar o empréstimo em caso de inadimplência do PT.
(LEONARDO SOUZA)


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