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Assurê perde contrato de resseguros com estatais
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A corretora Assurê, do empresário Henrique Brandão, perdeu
os contratos de resseguro de Furnas Centrais Elétricas e da Infraero. As duas estatais, acusadas de
envolvimento no escândalo do
"mensalão" por recomendarem
ao IRB (Instituto de Resseguros
do Brasil) a contratação da Assurê, em 2003, estão renovando suas
apólices e decidiram não interferir mais na escolha do corretor.
Henrique Brandão, corretor de
seguros há 36 anos no Rio de Janeiro e amigo do deputado Roberto Jefferson (PTB), foi acusado
de cobrar mesada de R$ 400 mil
do ex-presidente do IRB Lídio
Duarte para os cofres do PTB e de
exercer tráfico de influência em
estatais para conseguir contratos
no mercado de resseguros.
O resseguro é o seguro das companhias seguradoras. Quando assumem contratos muito altos, como no caso de usinas nucleares e
da aviação, a seguradora transfere
a maior parte do risco para o IRB,
que o redistribui.
Furnas concluiu, na semana
passada, a licitação para a renovação do seguro de ativos anual,
avaliado em R$ 7,1 bilhões, vencida pela Bradesco Seguros, com
apólice de R$ 13,25 milhões. O risco será dividido com a corretora
PWS, que exercia o trabalho até
2003, para fazer a colocação exclusiva no exterior.
O presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues de Oliveira, disse à
Folha que a estatal não se envolveu na escolha. "Minha única relação é com o segurador, no caso,
o Bradesco. A escolha da corretora de resseguros é problema do
Bradesco e do IRB", disse ele.
O contrato anterior de Furnas
era dividido entre a PWS e quatro
indicadas pela direção do IRB,
substituída em junho. Apenas a
PWS foi mantida.
Na Infraero, foi feito um seguro
de dois meses com a AON, com
apólice de US$ 399 mil (quase R$
950 mil), enquanto a licitação para o contrato anual é preparada.
Para 12 meses, a apólice atinge
US$ 2,2 milhões (R$ 5, 2 milhões).
O superintendente de Comunicação da Infraero, Nunzio Briguglio,
disse que a estatal não interferiu
na exclusão da Assurê e avalia que
a recomendação da seguradora
em 2003 foi uma trapalhada, induzida por ex-dirigentes do IRB.
Segundo informações do mercado segurador, o IRB só manterá
as corretoras que ""agregarem valor" na prestação do serviço. O vice-presidente da Assurê Internacional, Sérgio Viola, disse que a
decisão foi ""política".
O diretor financeiro da Infraero,
Adenauer Figueira Nunes, o ex-diretor de Gestão Corporativa de
Furnas, Rodrigo Botelho Campos, e o ex-diretor financeiro da
Eletronuclear, José Marcos Castilho, que assinaram as cartas, respondem a inquérito administrativo do Ministério Público Federal
e a um inquérito da Polícia Civil
do Rio de Janeiro. A comissão de
sindicância do IRB que analisou o
caso apontou indícios de improbidade administrativa e de tráfego
de influência.
No final de 2004, a Acordia (associada à Assurê) estava em 5º posição em volume de negócios com
o IRB, ultrapassando empresas
antigas no país, como a Willis e
Arthur Gallagher. O crescimento
foi atribuído a indicações de empresas estatais. Viola, afirma que
Acordia e a Assurê não se preocupam com o ranking e não mudaram sua estratégia em razão das
investigações. Ex-funcionário do
IRB, por 30 anos, Viola diz que as
denúncias sobre o suposto esquema de arrecadação de dinheiro
para partidos no IRB não têm
fundamento.
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