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CONEXÃO RIBEIRÃO
CPI dos Bingos identifica 3 empresas que sacaram R$ 2,8 mi da Leão Leão
RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELIANE SILVA
EDITORA DA FOLHA RIBEIRÃO
A CPI dos Bingos identificou
três empresas que aparecem como sacadoras de pelo menos
R$ 2,8 milhões, em cheques seqüenciados na boca do caixa, da
empresa de lixo Leão Leão, de Ribeirão Preto (SP).
Os nomes das empresas foram
localizados ontem, após a análise
dos cerca de 331 cheques sacados
em espécie no ano de 2002 da
conta bancária da Leão Leão no
Posto de Atendimento do Banespa localizado na própria empresa.
Segundo depoimento à CPI e à
Promotoria de Rogério Buratti,
ex-secretário municipal do hoje
ministro da Fazenda, Antonio Palocci, parte desses cheques era
emitida mediante a apresentação
de notas fiscais frias, num acerto
prévio com a Leão Leão.
De acordo com Buratti, o dinheiro ficava, na mesma hora do
saque, em poder da Leão Leão,
que se encarregava de comprar
apoio de cinco prefeitos do interior paulista, incluindo Palocci,
que teria repassado o dinheiro ao
PT por meio do ex-assessor Ralf
Barquete. Palocci nega.
As empresas que devem ter suas
contabilidades rastreadas pela
CPI são a Comercial Luizinho, de
Dois Córregos (SP), e duas beneficiárias identificadas apenas como
"Twister" e "Raf Bras".
O dono da Luizinho, Luiz Altimare, disse não poder dizer ao
certo qual o volume mensal de
vendas para a Leão Leão, embora
a aponte como sua cliente. A empresa responde por R$ 1,9 milhão,
entre janeiro e dezembro de 2002,
de saques em seqüência e de valores semelhantes. No dia 11 de
março, a empresa recebeu em dinheiro o correspondente a 14 cheques sacados na boca do caixa. No
dia, segundo o extrato da Leão
Leão, houve saques de 12 cheques
de R$ 13.500 cada um.
No dia 10 de abril, mais 14 cheques foram direcionados à Comercial Luizinho. Pouco mais de
um mês depois, em 13 de maio,
mais dez cheques foram sacados.
A empresa Twister, sobre a qual
a comissão ainda nada sabe a respeito, foi o destino de R$ 660 mil
em espécie no mesmo período
(janeiro a dezembro de 2002). A
Raf Brás obteve R$ 297 mil.
A CPI apurou que todos os cheques eram emitidos para a própria Leão Leão. No verso, há só o
nome das empresas. Os técnicos
da CPI trabalham com a hipótese
de que os cheques mensais de cerca de R$ 50 mil, também sacados
na boca do caixa, tinham como
destino um grupo de engenheiros
civis que prestava serviços à empresa. Por ora, os técnicos afastam a possibilidade de que esses
cheques se destinavam também à
corrupção de autoridades.
Outro lado
A empresa Leão Leão informou
ontem que poderia comentar hoje
a identificação das empresas que
fizeram saques de sua conta.
Em entrevista no último dia 2, a
nova presidente da empresa, Isabel Cristina Leão Santa Terra, 44,
afirmou que os cheques em série
descontados no caixa eram dados
para fornecedores da empresa,
que em seguida faziam o saque.
O dono da Luizinho disse que
muitas vezes saca os pagamentos
direto no caixa da empresa para
"escapar da CPMF". Representantes da Twister e da Raf Brás
não foram localizados.
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