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Garotinho diz querer "afundar o PT"
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
O ex-governador do Rio Anthony Garotinho disse, em encontro de cerca de 2.000 políticos e
militantes do PMDB, anteontem à
noite, em Curitiba, que vai ""fazer
de tudo para afundar o PT". Ele
também chamou o partido do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ""partido de negócios".
"Eu não fui fundador do PMDB,
fui fundador do PT. Eu ajudei a
fundar o PT. Eu e a Rosinha [Matheus, governadora do Rio]", disse, em tom baixo, apontando para
sua mulher, que estava na mesa a
seu lado. Quando os militantes esboçavam um protesto, concluiu
seu discurso quase aos gritos: "E
hoje tenho o maior prazer em ajudar a afundar o PT. O PT que eu
ajudei a fundar era um partido de
sonhos. O PT que eu quero afundar é um partido de negócios."
Foi aplaudido.
Garotinho, 45, fez ataques duros
não só ao PT e ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ("Eu não vou
perder meu tempo aqui falando
do que o Lula fez. Lula não fez.").
Criticou também o PSDB e dirigiu
ironias à ala governista do PMDB,
que tem o presidente do Senado,
Renan Calheiros como líder, ao
lado do ex-presidente e senador
José Sarney (AP). Calheiros não se
manifestou. Ao final, aplaudiu a
fala de Garotinho.
"Eu saio daqui certo de que estávamos certos, governador Requião. Eu, o senhor, o presidente
Michel Temer e mais alguns companheiros, quando sempre dentro do PMDB defendemos uma
candidatura própria à Presidência
da República, seja quem for o candidato. O PMDB não pode ficar a
reboque", discursou.
A seguir, Garotinho falou que
há similaridade nas práticas políticas de petistas e tucanos, referindo-se explicitamente à suposta
compra de votos de parlamentares pelo governo tucano do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), antecessor de Lula, e pelo atual governo.
"O PSDB e PT são iguais na política econômica, são iguais no método de relacionamento com o
Congresso, são iguais na compra
de votos. Um comprou voto para
a sua reeleição. O outro, para
aprovar projetos", disse.
O ex-governador do Rio foi o
único entre os destaques do partido a fazer um ataque direto ao PT
na plenária que debateu um esboço de programa de governo peemedebista para 2006, no auditório da Federação das Indústrias
do Paraná. Ele trabalha para viabilizar sua candidatura à presidência no ano que vem, pelo
PMDB, mas encontra resistência
no partido.
Lá estavam - além do anfitrião
governador Roberto Requião
(PMDB), da governadora do Rio e
de Calheiros-, o presidente nacional do partido, Michel Temer
(SP), os governadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Luiz Henrique da
Silveira (SC) e o ex-governador
Orestes Quércia (SP).
Afora Requião, que estava em
casa, Garotinho foi o mais aplaudido pelos militantes. Radialista
há quase 30 nos e apresentador de
programa de TV, em 15 minutos,
ele conseguiu captar a atenção da
platéia, que já se dispersava, com
críticas ao PT e ao governo Lula.
Um sinal de resistência a Garotinho foi manifesto no discurso de
Requião. Também pré-candidato
presidencial, mas ainda sem assumir tal condição publicamente, o
governador do Paraná tratou de
dizer que a escolha do candidato
peemedebista só ocorrerá depois
de aprovado o programa em debate. "E, para nós, [a definição do
nome] não é uma disputa de histrionice e de habilidades diante
das câmera de TV", afirmou.
Jarbas Vasconcelos se ateve a
pregar a unidade partidária que,
para ele, ""é importante que se
busque agora". ""A candidatura
própria vem no momento certo",
disse o governador de Pernambuco, outro apontado, assim como o
governador gaúcho, Germano Rigotto (que não foi ao encontro),
como quadro do partido para a
disputa presidencial.
Quércia também disse apostar
na união das correntes do partido.
A desistência da executiva de exigir a saída dos peemedebistas do
governo Lula, segundo ele, é prova ""do trabalho pela unidade",
por não insistir no conflito interno. Ele identificou Rosinha Matheus apenas como ""mulher do
ex-governador Garotinho" e a
chamou de ""governadora lá da
Guanabara".
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