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SÃO PAULO
Petistas acreditam que declaração de voto de ex-prefeito é importante, mas vão evitar explorar apoio durante a campanha
PT pretende "higienizar" apoio de Maluf a Marta
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT paulistano vê como inevitável a declaração de apoio do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) à candidatura de Marta Suplicy à prefeitura, mas espera "higienizar" a
adesão, evitando, por exemplo,
explorá-la no horário gratuito de
rádio e TV, pelo menos por ora.
A avaliação de coordenadores
da campanha da petista e de parlamentares próximos à direção
municipal do partido é que todo
apoio é bem-vindo neste momento, em que, segundo pesquisa Datafolha divulgada domingo, José
Serra (PSDB) tem 51% das intenções de voto e Marta, 39%.
Para os petistas pragmáticos, a
declaração de voto de Maluf em
Marta poderá influenciar na decisão do eleitor que é fiel ao ex-prefeito, trazendo mais ganhos do
que perdas. Esses mesmos petistas não têm, porém, esperança de
reverter a maioria dos votos malufistas, mas somente uma parte.
Segundo o Datafolha, 70% dos
eleitores do ex-prefeito disseram
que pretendem votar em Serra e
somente 13% estão dispostos a
aderir a Marta. No primeiro turno, Maluf ficou em terceiro lugar,
com 11,9% dos votos válidos.
Para uma ala mais crítica do PT,
a aceitação entusiasta do apoio de
Maluf tornou-se um complicador
depois que o ex-prefeito foi indiciado pela Polícia Federal, anteontem, sob a acusação de formação de quadrilha, sonegação
fiscal, evasão de divisas, lavagem
de dinheiro e peculato (apropriação de dinheiro público).
Segundo esses petistas, o apoio
de Maluf, ao invés de acrescentar
votos, pode tirar. Mas essa ala foi
vencida com um argumento.
"Ninguém pode impedi-lo de declarar o que quiser", diz um petista próximo à coordenação.
Além disso, os pragmáticos alegam que o PP já dá apoio ao governo federal e também já declarou apoio oficialmente a Marta.
O namoro entre Maluf e o PT
começou já no primeiro turno.
Petistas e o candidato do PP fecharam um acordo pelo qual o ex-prefeito pouparia Marta e centraria fogo no tucano; em troca, ele
seria protegido, nos limites legais,
na CPI do Banestado.
Já o discurso para "deglutir" o
apoio oficial de Maluf vem sendo
preparado pelo PT desde antes do
fim do primeiro turno. "Queremos os votos dos malufistas", repete o líder do PT na Assembléia
Legislativa, Cândido Vaccarezza.
"A adesão de Maluf é uma decisão unilateral dele", afirma.
"Quem apoiar Marta está fazendo
uma boa ação", apregoa, para
completar: "Mas isso não quer dizer que os pecados do passado estão redimidos."
Para um petista próximo à
coordenação da campanha, esse
apoio do ex-prefeito deverá ficar
restrito a uma entrevista coletiva.
Em 2002, Maluf apoiou José Genoino (PT) no segundo turno da
eleição para governador contra
Geraldo Alckmin (PSDB). A declaração de apoio não foi feita ao
lado do então candidato, mas em
uma entrevista coletiva.
Por ora, Marta também não está
disposta a posar para fotos ao lado de Maluf, a quem já classificou
de "nefasto". Ontem, na porta da
fábrica da Ford, em São Bernardo
do Campo, a petista interrompeu
a entrevista que concedia e saiu
em direção ao carro quando os
jornalistas perguntaram sobre o
apoio de Maluf .
"Vocês dizem no jornal que não
adianta ele apoiar, porque o voto
[de quem escolheu Maluf no primeiro turno] não vem. Não sei
por que estão tão preocupados
com isso", disse o candidato a vice
na chapa do PT, Rui Falcão.
O PT também tem um "antídoto" para o caso de o PSDB explorar o apoio de Maluf como algo
negativo. Os petistas vão lembrar,
por exemplo, que em 1994, quando Mário Covas (PSDB) disputou
o segundo turno da eleição para
governador contra Francisco
Rossi (então no PDT), Maluf declarou apoio ao tucano na casa de
Fernando Henrique Cardoso.
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