São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição pede investigação das contas ao TSE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os partidos de oposição decidiram pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o desarquivamento das contas de campanha da reeleição do presidente FHC e a abertura de inquérito para investigar "indícios de falsidade ideológica e corrupção eleitoral".
Segundo o líder do PT na Câmara, Aloizio Mercadante (SP), serão apresentadas hoje três representações. Uma na corregedoria do TSE, pedindo o desarquivamento das contas, e outras duas, uma no TSE e outra na Procuradoria Geral da República, pedindo a abertura de inquérito.
"O PSDB e o presidente devem uma resposta à sociedade", afirmou Mercadante. As representações se baseiam em reportagem publicada pela Folha na edição de domingo, revelando que o comitê eleitoral de FHC não declarou ao TSE R$ 10,12 milhões arrecadados na campanha de 1998.
A oposição pretende com as investigações atingir o presidente. O líder do PT disse que, segundo a Lei Eleitoral, a responsabilidade pela prestação de contas é de FHC. "É evidente que o presidente pode desconhecer, pode ter havido quebra de confiança por membros do comitê, mas a responsabilidade pelo fluxo financeiro da campanha é dele", disse.
Os oposicionistas decidiram não pedir a abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) por falta de número de parlamentares (171 deputados e 27 senadores) para assinar o requerimento.
A intenção dos oposicionistas, segundo Mercadante, é buscar apoio de partidos governistas para instalar a CPI. "Não temos segurança de que teremos as assinaturas", disse Mercadante.
Os líderes da oposição lembraram que já tentaram criar CPIs para investigar denúncias contra o governo -a última proposta foi a de investigar o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira. Todas foram barradas pelos governistas.
"Neste momento vamos provocar essas instituições. Pode ser que na terça-feira estejamos convictos da possibilidade de instalação de uma CPI", disse o líder do PSB na Câmara, Alexandre Cardoso (RJ). Segundo Mercadante e Cardoso, a oposição não teme que as apurações de uma CPI encontrem irregularidades na prestação de contas das siglas de esquerda.
"A CPI tem um fato determinado, mas não é restrita. Vai em cacho. Se houver conexão, pode investigar (a oposição)", disse o líder do PSB. "A tese da jurisprudência da fraude é muito pobre", completou Mercadante, referindo-se a declarações de governistas de que a oposição também comete irregularidades na prestação de contas de campanhas eleitorais.
O presidente da Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, senador Romero Jucá (PSDB-RR), descartou a possibilidade de convocação do ex-ministro Bresser Pereira, tesoureiro da campanha de FHC, e de pessoas que colaboraram na coleta de recursos.
O pedido de convocação foi feito pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP).


Texto Anterior: Contas da reeleição: Arrecadador de FHC diz que todos têm caixa-dois
Próximo Texto: PSDB promete apoiar financiamento público
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.