São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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Especialista defende benefícios em dinheiro

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Considerado um dos maiores especialistas do mundo em medição da pobreza, o professor Peter Towsend, da London School of Economics, criticou ontem no Rio a distribuição de cupons aos pobres, para serem trocados por comida, e defendeu a distribuição de benefícios em dinheiro.
"Não acho que os ricos, se tivessem tempos difíceis, gostariam de receber comida. Defendo métodos universais para a elevação da renda", afirmou Towsend, questionado sobre o programa Fome Zero, proposto pela equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prevê a troca de cupons por alimentos.
Para Towsend, a distribuição de benefícios em dinheiro é mais eficiente para quem distribui e mais digna para quem recebe.
Towsend, 74, veio como consultor à reunião do Grupo do Rio, formado por especialistas em medição de pobreza. Presidido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o grupo é ligado à Comissão de Estatística das Nações Unidas e vai elaborar um compêndio listando as melhores metodologias em uso.
Ele criticou as políticas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, com ênfase na globalização. Ele disse que o Banco Mundial deve rever políticas, que não têm conseguido reduzir a pobreza. Os especialistas querem chegar a um padrão internacional de medição da pobreza.
Nos EUA, por exemplo, são contabilizadas entre os 12% de pobres famílias com renda anual inferior a US$ 18 mil, para sustentar quatro pessoas. A realidade americana significaria no Brasil uma renda mensal de R$ 5.400 numa família de quatro pessoas.
A idéia é analisar, além da renda, o acesso à água, habitação, saneamento e educação.
A estimativa mais usada é a do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que calcula em 33,6% o percentual de pobres -56,7 milhões. Desses, 24,7 milhões (14,6% da população) não conseguiriam ingerir diariamente as calorias necessárias.


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