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Cemitérios são novo foco das buscas aos mortos no Araguaia
Coveiros apontam local exato de sepulturas pela 1ª vez na atual ação; escavação recomeça em 2010
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Três novos locais de sepultamentos clandestinos de guerrilheiros estão apontados no relatório final do GTT (Grupo de
Trabalho Tocantins), formado
por militares e civis e criado pelo governo federal para buscar
restos mortais de desaparecidos da guerrilha do Araguaia.
O GTT concluiu o relatório
há duas semanas em Marabá
(PA) e o entregou ao Ministério
da Defesa. Os novos pontos não
chegaram a ser escavados porque o grupo só foi informado
sobre eles nos últimos dias do
trabalho de campo.
Com o início da temporada
de chuvas na região do Araguaia (sudeste do Pará, sul do
Maranhão e norte de Tocantins), as escavações estão suspensas até março ou abril de
2010, quando inicia a estiagem.
A avaliação dos geólogos e
antropólogos forenses que integram o grupo é que, com as
tempestades que atingem o
Araguaia nesta época, não é
possível mexer no solo. A terra
sólida vira lamaçal, o que inviabiliza a busca de restos mortais.
A novidade em relação a outros locais de possível sepultamento de guerrilheiros, investigados de julho a outubro deste ano, é que pela primeira vez
foram apontados, com precisão, sepulturas em cemitérios.
Os responsáveis pelas novas
indicações são os coveiros dos
cemitérios de Xambioá (TO) e
São Geraldo do Araguaia (PA).
Até agora as indicações em
cemitérios eram imprecisas,
abrangiam áreas grandes, e os
antropólogos forenses do IML
(Instituto de Medicina Legal)
do Distrito Federal recusavam-se a escavar porque certamente
encontrariam diversas ossadas.
Os coveiros apontaram pontos exatos, o que, dessa vez, permitirá as escavações. Nos anos
1990, no cemitério de Xambioá,
foram encontradas as ossadas
dos dois únicos guerrilheiros já
identificados: Maria Lúcia Petit e Bergson Gurjão Farias.
Na margem direita do rio
Araguaia, Xambioá sediou uma
base militar da repressão ao
movimento guerrilheiro organizado na floresta amazônica
nos anos 60 e 70 pelo então
clandestino PC do B.
A guerrilha foi considerada
extinta pela ditadura em 1975.
Cerca de 60 guerrilheiros nunca foram localizados. Em 2003,
a Justiça Federal ordenou que
o governo devolvesse os restos
às famílias. O GTT foi criado
para cumprir a ordem judicial.
No hoje desativado cemitério
de São Geraldo do Araguaia
(margem esquerda do rio), um
coveiro apontou ao GTT o exato local onde diz ter enterrado
três guerrilheiros. Informou
até a posição dos corpos na cova clandestina, situada entre
duas lajes de cimento.
Outro ponto a ser escavado
fica no município de Brejo
Grande (PA), no terreno onde à
época havia a casa em que morou durante os confrontos o então capitão Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, um dos
militares mais ativos na repressão à guerrilha.
A casa foi derrubada há muitos anos. Hoje há um pasto no
terreno. Ali, segundo o informante do GTT, foram enterrados oito guerrilheiros.
No cemitério de Xambioá,
um coveiro apontou a sepultura onde afirma ter visto a roupa
amarela que um dos guerrilheiros estaria usando quando preso na delegacia da cidade.
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