São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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Genoino dá recado às alas de esquerda do PT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PT, José Genoino, mandou um recado claro a integrantes das alas chamadas de "esquerda" do partido que demonstraram resistência à indicação do ex-executivo do BankBoston Henrique Meirelles, deputado federal eleito pelo PSDB, para presidir o BC (Banco Central).
"O PT dá sustentação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e o PT, quando decide a respeito de alguma matéria, vota de forma unida", declarou, em referência à sabatina e votação de Meirelles pelo Senado, previstas para a próxima semana.
Foi uma referência à ameaça da senadora Heloísa Helena (AL), da ala "radical" Democracia Socialista, de não votar favoravelmente à indicação de Meirelles, argumentando que o tucano é uma personalidade que "ao longo de sua história serviu aos interesses financeiros internacionais e não serve aos interesses nacionais".
Meirelles chegou a presidir o BankBoston, uma das principais instituições financeiras norte-americanas.
Heloísa Helena afirmou anteontem que, embora o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tenha autonomia para fazer a indicação, ela gostaria que o assunto tivesse sido discutido nas "instâncias partidárias".
Apesar de deixar claro que dissidências não serão toleradas, Genoino disse que não estão em cogitação, ao menos no momento, medidas de punição a Helena ou a outros descontentes.
"Vamos com calma, sem colocar a carroça na frente dos bois", declarou o presidente petista. Para ele, o momento é de "convencimento."
"Será feito um trabalho de convencimento junto a setores do partido no sentido de demonstrar que a escolha de Henrique Meirelles para presidir o Banco Central foi acertada", disse.
A recepção do mercado financeiro ao nome, de acordo com Genoino, agradou ao partido.
"A aceitação do convite por Meirelles muito nos honrou, e o impacto no mercado foi bastante positivo, demonstrando que a nomeação foi correta", afirmou o deputado.
Procurando deixar aberta uma porta para a unificação do partido em torno do assunto, Genoino chegou a afirmar que as divergências internas são normais.
"As críticas fazem parte do debate interno no PT", declarou o presidente da legenda.

Repercussão
O porta-voz do presidente eleito, André Singer, afirmou ontem que Luiz Inácio Lula da Silva ficou satisfeito com a repercussão na sociedade da indicação de Henrique Meirelles.
De acordo com o porta-voz, as dissidências internas no partido não preocupam Lula. "A impressão do presidente é que o nome foi bem aceito dentro do seu partido", disse Singer.
(FÁBIO ZANINI)


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