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DÍVIDA
Governadores não receberão nada por investimentos já feitos em rodovias federais e terão de desistir de ações judiciais
União limita verba aos Estados a R$ 2,34 bi
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os Estados que quiserem receber os R$ 2,34 bilhões previstos na
medida provisória 82 terão que
esquecer o ressarcimento dos gastos feitos em rodovias federais.
A MP, editada ontem, prevê a
estadualização dessas rodovias
em troca dos recursos. O secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, disse que a União não
reconhece os débitos reclamados
pelos governadores: "Se existe algo [gastos], foi feito sem amparo
de convênio com o governo". Onze Estados pediam ressarcimento
por gastos em rodovias federais.
O Ministério dos Transportes
editará portaria definindo quais
trechos podem ser estadualizados. Serão excluídas estradas consideradas estratégicas.
Os Estados, principalmente Minas Gerais, precisam do dinheiro
para gastos, como o 13º salário do
funcionalismo. Com a movimentação de Minas para receber R$
1,2 bilhão de gastos em rodovias
federais, mais 10 Estados protocolaram no Ministério da Fazenda
pedidos que somam R$ 10,3 bilhões. Mas no total estavam incluídos até obras em aeroportos.
A MP prevê a transferência de
até 18 mil quilômetros da malha
federal a R$ 130 mil por quilômetro. A malha rodoviária federal
pavimentada tem 56 mil quilômetros e a maior parte está localizada
em Minas Gerais: cerca de 10 mil
quilômetros. Há outros 14,5 mil
quilômetros de estradas não pavimentadas. São Paulo tem apenas
1.100 quilômetros de estradas federais pavimentadas. Os Estados
que quiserem ficar com rodovias
federais terão que assinar uma declaração, desistindo de reclamar o
ressarcimento de qualquer investimento passado nas rodovias.
Além da declaração, os Estados
que estiverem pedindo essa compensação na Justiça deverão retirar as ações. "Queremos evitar
contenciosos futuros", disse. Outra condição é que os Estados estejam em dia com o pagamento
das dívidas com a União. As
transferências de rodovias para os
Estados acontecerão até janeiro
de 2006, sendo que cada Estado
receberá no mínimo 25% do total
acertado por ano. Após a estadualização, cada Estado arcará com a
manutenção das rodovias.
Pela MP, os Estados têm até o
dia 27 de janeiro de 2003 para
mandar suas propostas de estadualização para o Ministério dos
Transportes. O futuro ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
disse que a nova versão da MP dos
Estados não criará problemas fiscais. Segundo Palocci, a MP não
faz promessas de transferências
de recursos aos Estados: "É uma
transferência de obrigação da
União para os Estados. Não vejo
problema. Eliminou-se o problema fiscal que havia na questão".
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