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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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NO DIVÃ

Diretório Nacional do PT decide hoje se expulsa senadora e 3 deputados

Direção petista espera que 68% votem contra radicais

FLÁVIA MARREIRO
VIRGILIO ABRANCHES
DA REDAÇÃO

Se depender das contas da Secretaria de Organização Nacional do PT, os chamados radicais estão com as horas contadas dentro do partido. De acordo com números divulgados pelo secretário Silvio Pereira, 68% do Diretório Nacional deve votar, hoje, a favor do relatório da Comissão de Ética que pede a expulsão da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados federais Babá (PA), Luciana Genro (RS) e João Fontes (SE).
O número é uma estimativa feita por Pereira entre as tendências internas do partido. Dados absolutos são impossíveis de obter com antecedência porque a votação é secreta e existe a possibilidade de algum membro, entre os 83 integrantes do diretório, não comparecer ao segundo dia de reunião. Para que o relatório seja aprovado, é necessária a metade dos votos mais um.
A lista na qual Pereira se baseia para fazer a estimativa é dividida entre as correntes do partido. Segundo o secretário, o campo majoritário, que engloba correntes como a Articulação e a Democracia Radical -que têm como principais representantes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e José Genoino, respectivamente-, fechou posição e deve votar pela expulsão. A tendência conta com 52% dos integrantes do diretório.
Outra ala do PT que deve optar pela saída da senadora e dos deputados é o chamado centro, constituído pelas correntes Movimento PT, PT de Luta e de Massa e Socialismo Democrático. Unidas, essas correntes representam mais 16% dos votos.
Contra a expulsão de Helena, Luciana, Babá e Fontes ficaram, ainda de acordo com Pereira, as alas à esquerda dentro do partido: a Democracia Socialista, a Articulação de Esquerda, a Força Socialista e a tendência O Trabalho, que chegam a 32% da composição do Diretório Nacional.
Os chamados radicais do PT começaram a demonstrar incompatibilidade com a ala dominante do partido já durante as eleições de 2002 e, nas votações das reformas, praticamente selaram sua saída.

"O ônus e o bônus"
Desde que Helena e seus companheiros da Câmara passaram a não apenas dar declarações contra o governo, mas também a agir como oposição, o embate dentro do PT tem sido duro.
O presidente do partido, José Genoino, desde então vem argumentando que a expulsão é uma maneira de manter no PT uma "unidade partidária". Para Genoino, o partido fez de tudo para que a situação não chegasse aonde chegou. Em outubro, ainda antes da votação das reformas no Senado, advertiu: "Tudo na vida tem o ônus e o bônus. Se a senadora [Helena] acha importante permanecer no PT, que siga a disciplina partidária. Os outros deputados [Babá, Luciana e Fontes] estão praticamente fora". O presidente do PT chegou a afirmar que os radicais haviam feito uma opção "pela ruptura".
Posição rígida também foi a adotada pelo secretário Silvio Pereira anteontem, mesmo diante de manifestações de apoio e do choro de Heloísa Helena. "Não tem vítima nessa história. Esse é um partido que tem direção e estatuto", disse. Pereira é o autor do pedido de abertura do processo contra os chamados radicais.
Hoje, antes da votação, a direção de Ética do PT vai apresentar o relatório a favor da expulsão. Cada um dos acusados terá 15 minutos para se defender. Pereira também falará por 15 minutos.


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