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Governo quer
reduzir teto
da Sucursal de Brasília
A proposta de reforma da
Previdência Social deixa
uma porta aberta para a
previdência complementar
privada compulsória para
trabalhadores da iniciativa
privada e servidores públicos, a exemplo do que já
acontece em países como a
Argentina e o Uruguai.
Além de elogiado por organismos internacionais, o
modelo desses países serve
de inspiração para a segunda etapa da reforma da Previdência, que está em estudo pelo assessor especial da
Presidência André Lara Resende, para um eventual segundo mandato do presidente Fernando Henrique
Cardoso.
As contribuições de empresas e segurados bancariam apenas uma parte da
aposentadoria. Dois tipos
de previdência complementar, custeados por contribuições compulsórias e
voluntárias dos trabalhadores, bancariam o restante
da aposentadoria, além de
constituírem um fundo para investimentos.
Esse fundo para investimentos poderia movimentar R$ 200 bilhões.
A Folha apurou que uma
das idéias mais polêmicas
em estudo no governo é reduzir o limite do benefício
que será pago pelo INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social), o que forçaria
a adesão a planos de previdência complementar.
O texto da reforma fixa
esse limite em R$ 1.200 ou
dez salários mínimos
atuais. Esse valor é considerado elevado pelos técnicos
do governo. A Folha apurou que o governo quer reduzi-lo para algo entre R$
360 e R$ 600.
A proposta não deve se
restringir aos trabalhadores
do setor privado. Também
é estudada a criação de um
fundo destinado ao pagamento das pensões e aposentadorias dos servidores
públicos federais.
Esse ainda é um dos principais motivos de desequilíbrio nas contas públicas, já
que a contribuição dos servidores (cobrada somente a
partir de 1993) cobre pouco
mais de 10% do custo dos
benefícios.
Um dos artigos da reforma da Previdência em votação na Câmara, batizado de
"Lara Resende", abre caminho para a previdência
complementar no setor público. E mais: permite ao
governo limitar os benefícios do setor público ao
mesmo teto fixado para o
setor privado (de R$ 1.200),
sem depender de uma
emenda constitucional.
A primeira etapa da reforma não vai equilibrar as
contas públicas. Vai servir
apenas para evitar o aumento dos gastos.
Apesar da emenda constitucional, as despesas da
Previdência Social com o
pagamento de pensões e
aposentadorias deverão
continuar maiores que a arrecadação da contribuição
previdenciária. Os déficits
devem continuar até pelo
menos o ano 2000.
Como as novas regras vão
impedir as aposentadorias
precoces, os déficits devem
começar a diminuir a partir
deste ano. Em 1998, o governo estima que o déficit
deve ficar próximo de R$ 4
bilhões.
O impacto da reforma será gradual porque várias
das mudanças aprovadas
pelo Congresso Nacional
ainda precisam ser regulamentadas por lei complementar, o que só ocorrerá
depois das eleições, no ano
que vem.
(VIVALDO DE
SOUZA e MARTA SALOMON)
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