São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONGRESSO
Texto original de 1995, já considerado ultrapassado, está sendo atualizado pelo Ministério da Fazenda
Governo adia votação da reforma tributária


VIVALDO DE SOUSA
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília

O Ministério da Fazenda vai encaminhar ao Congresso Nacional até o início de maio sua nova proposta de reforma tributária, mas o governo não pretende que a votação ocorra ainda neste ano.
O novo texto traz o mesmo modelo tributário que o secretário-executivo do ministério, Pedro Parente, expôs em setembro do ano passado no próprio Congresso.
"Não paramos com a reforma tributária", afirmou Parente à Folha. "Mas não vamos apresentar nada apressado e descuidado."
Apesar da falta de pressa na votação dessa terceira e mais complexa reforma constitucional, o governo não deve retirar a proposta anterior, em tramitação desde 95, já considerada ultrapassada.
A intenção do ministério é que suas idéias sejam absorvidas em substitutivo do relator da reforma, deputado Mussa Demes (PFL-PI).
Se apresentar nova proposta oficialmente, o governo terá que esperar que ela passe pela aprovação da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e da comissão especial sobre o tema -caminhos que a emenda constitucional enviada em 1995 já percorreu.
Dessa forma, faltará o substitutivo ser aprovado por 308 parlamentares duas vezes no plenário da Câmara dos Deputados. Depois, terá que passar pela CCJ do Senado e outras duas vezes pelo plenário dessa casa. Esses trâmites devem consumir o tempo que o governo considera necessário para "maturar" a discussão.
"Acho difícil haver votação neste ano até porque existe uma proposta que o governo não retira, mas não quer ver aprovada. Há outra que nem sequer foi apresentada", resume o senador José Serra (PSDB-SP).
"Além disso, este é um ano eleitoral e a reforma tributária não é prioritária para o governo porque não combate o déficit público."
O deputado Roberto Brant (PSDB-MG) também é cético em relação à rápida aprovação. "Esse tema contém mais polêmica técnica que as reformas da Previdência e a administrativa", afirmou.
A nova proposta do governo, entretanto, corre o risco de ser atropelada pela antecipação de Mussa Demes. Segundo o deputado Luís Roberto Ponte (PMDB-RS), seu colega programou a apresentação do substitutivo para 10 de março.
A nova proposta da Fazenda ainda terá simulações.
Ou seja, é preciso antes checar se o novo sistema conseguirá cobrir a receita gerada pelo conjunto atual de impostos e contribuições; se vai elevar a carga tributária (o que o governo diz que não quer que ocorra); se não vai diminuir os recursos das três esferas de governo; se não vai quebrar uma série de setores produtivos.
A nova proposta acaba com os principais impostos atualmente cobrados sobre a produção. São eles o ICMS, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e o PIS/Pasep.
Prevê ainda a criação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), um tributo que vai incidir sobre o consumo e cujos recursos serão arrecadados pela União.
Os Estados terão como fonte de receitas um imposto sobre vendas a varejo e outro, o "Excise Tax", sobre o consumo de fumo, bebidas e serviços de telecomunicações e energia elétrica.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.