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CONGRESSO
Texto original de 1995, já considerado ultrapassado, está sendo atualizado pelo Ministério da Fazenda
Governo adia votação da reforma tributária
VIVALDO DE SOUSA
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
O Ministério da Fazenda vai encaminhar ao Congresso Nacional
até o início de maio sua nova proposta de reforma tributária, mas o
governo não pretende que a votação ocorra ainda neste ano.
O novo texto traz o mesmo modelo tributário que o secretário-executivo do ministério, Pedro Parente, expôs em setembro do ano
passado no próprio Congresso.
"Não paramos com a reforma
tributária", afirmou Parente à Folha. "Mas não vamos apresentar
nada apressado e descuidado."
Apesar da falta de pressa na votação dessa terceira e mais complexa reforma constitucional, o
governo não deve retirar a proposta anterior, em tramitação desde 95, já considerada ultrapassada.
A intenção do ministério é que
suas idéias sejam absorvidas em
substitutivo do relator da reforma,
deputado Mussa Demes (PFL-PI).
Se apresentar nova proposta oficialmente, o governo terá que esperar que ela passe pela aprovação
da CCJ (Comissão de Constituição
e Justiça) e da comissão especial
sobre o tema -caminhos que a
emenda constitucional enviada
em 1995 já percorreu.
Dessa forma, faltará o substitutivo ser aprovado por 308 parlamentares duas vezes no plenário
da Câmara dos Deputados. Depois, terá que passar pela CCJ do
Senado e outras duas vezes pelo
plenário dessa casa. Esses trâmites
devem consumir o tempo que o
governo considera necessário para
"maturar" a discussão.
"Acho difícil haver votação neste ano até porque existe uma proposta que o governo não retira,
mas não quer ver aprovada. Há
outra que nem sequer foi apresentada", resume o senador José Serra (PSDB-SP).
"Além disso, este é um ano eleitoral e a reforma tributária não é
prioritária para o governo porque
não combate o déficit público."
O deputado Roberto Brant
(PSDB-MG) também é cético em
relação à rápida aprovação. "Esse
tema contém mais polêmica técnica que as reformas da Previdência
e a administrativa", afirmou.
A nova proposta do governo, entretanto, corre o risco de ser atropelada pela antecipação de Mussa
Demes. Segundo o deputado Luís
Roberto Ponte (PMDB-RS), seu
colega programou a apresentação
do substitutivo para 10 de março.
A nova proposta da Fazenda ainda terá simulações.
Ou seja, é preciso antes checar se
o novo sistema conseguirá cobrir a
receita gerada pelo conjunto atual
de impostos e contribuições; se vai
elevar a carga tributária (o que o
governo diz que não quer que
ocorra); se não vai diminuir os recursos das três esferas de governo;
se não vai quebrar uma série de setores produtivos.
A nova proposta acaba com os
principais impostos atualmente
cobrados sobre a produção. São
eles o ICMS, o IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados), a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), a
CSLL (Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido) e o PIS/Pasep.
Prevê ainda a criação do IVA
(Imposto sobre Valor Agregado),
um tributo que vai incidir sobre o
consumo e cujos recursos serão
arrecadados pela União.
Os Estados terão como fonte de
receitas um imposto sobre vendas
a varejo e outro, o "Excise Tax",
sobre o consumo de fumo, bebidas e serviços de telecomunicações e energia elétrica.
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