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ORÇAMENTO
Projeto da LDO será entregue hoje ao Congresso; meta de ajuste, de 4,25% do PIB, pode variar de acordo com a economia
Mantega anuncia superávit mínimo de 3,75%
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Planejamento) afirmou ontem
que o governo deverá manter um
esforço fiscal mínimo nos anos
em que a economia estiver crescendo abaixo do previsto.
Na semana passada, Mantega
anunciou que a partir de 2005 o
superávit primário (receitas menos despesas, exceto pagamento
de juros) estaria vinculado ao
crescimento econômico. Se o
crescimento for maior que o previsto, o superávit cresce. Se for
menor, o superávit cai -uma política contracíclica.
Ontem, em conferência telefônica promovida pela "Agência Estado", Mantega disse, segundo sua assessoria, que haverá uma
"linha de resistência" de 3,75% do
PIB. Ou seja, o superávit nunca
cairá abaixo dessa linha.
A política contracíclica anunciada tem o objetivo de aproveitar
o aumento de arrecadação de impostos dos anos de crescimento
para criar um fundo e usar os recursos nos momentos de estagnação econômica.
O anúncio repercutiu mal no
mercado financeiro, o que levou o
governo a explicar que sua adoção exigia uma série de condições,
como a redução na relação dívida/PIB e aprovação das reformas.
A explicação sobre o piso para o
superávit, que não tinha sido dada antes, foi feita para agentes do
mercado interessados em saber
quanto o governo poderia relaxar
na execução das metas.
Hoje, Mantega entrega ao presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), o projeto da LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias)
para 2004, que traz as metas fiscais para os próximos três anos.
No projeto da LDO, o superávit
é de 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto) -o mesmo deste
ano- até 2006. A Folha apurou
que os números que serão divulgados hoje embutem um reajuste
para os servidores de 5%. Neste
ano, o reajuste foi de 1%, mas algumas categorias receberão até
13,23% por causa de gratificações.
Inflação
Após uma reunião com a bancada do PT, Mantega disse que o governo projeta uma inflação medida pelo IGP-DI entre 7% e 8% para 2004 e uma taxa de juros real
(acima da inflação) de 8,5%.
Um dos vice-líderes do PT, o deputado Walter Pinheiro (PT-BA),
reclamou que a bancada só foi informada sobre o projeto da LDO
na véspera de seu envio ao Congresso. Segundo ele, o governo sinalizou que a transição foi prorrogada para o final do governo
com a manutenção do superávit
primário em 4,25% do PIB nos
próximos três anos.
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