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DRAMA FAMILIAR
Desempregado que ateou fogo ao próprio corpo queria se enforcar
Souza já havia tentado se matar
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O desempregado José Antônio de Souza, 30, que ateou fogo
no próprio corpo em frente ao
Palácio do Planalto anteontem,
enfrentava problemas psicológicos e já havia tentado se suicidar há cerca de duas semanas,
segundo familiares e vizinhos.
Souza está casado há dez anos
com Maria das Dores Cláudia
de Souza, 25, grávida de quatro
meses, e tem uma filha de oito
anos, Camila. A família vive em
Cariacica (região metropolitana
de Vitória) há quase dois anos.
No dia 26 de março, Souza
tentou se enforcar num abacateiro. Desistiu porque a filha viu
a cena e pediu a ele que não se
matasse.
Depois disso, Souza, que, segundo sua mulher, votou em
Luiz Inácio Lula da Silva nas
eleições de 2002, disse que iria a
Brasília e que pediria uma audiência com o presidente. "Ele
falou que ia botar fogo no corpo
se não conseguisse [falar com o
presidente], mas não acreditamos", afirmou Cláudia.
De acordo com a sogra de
Souza, Tercília Soares Constantino, 48, ele vendeu sua casa de
quatro cômodos -dois ainda
inacabados- e os poucos móveis que tinha na sexta-feira por
R$ 800. Ele deixou R$ 200 com a
mulher e chegou a dizer que iria
para São Paulo. Só depois revelou o desejo de se encontrar
com Luiz Inácio Lula da Silva.
"Ele disse que ia sozinho e não
era mais para minha filha acompanhá-lo, que ia falar para o presidente e tinha direito a ter uma
vida decente e a trabalhar. Mas
não estava falando coisa com
coisa. O médico já tinha indicado tratamento para ele", afirmou a sogra.
A mulher de Souza ganhou
uma passagem de avião da Prefeitura de Cariacica e deve chegar a Brasília na manhã de hoje.
Souza está com 85% do corpo
queimado e corre risco de morte. Boletim médico divulgado
ontem diz que ele está "consciente e mantendo funções cardiocirculatórias estáveis".
Antes de se mudar para o Espírito Santo, a família de Souza
havia deixado a cidade-natal,
Sartoá (282 km ao leste de Belo
Horizonte), para morar por cinco anos em São Paulo.
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